Você quer ajuda de vídeo no futebol? No Mundial de handebol ela falhou
O mundo do futebol debate, há anos, o uso de tecnologia no auxílio dos juízes – e até avançou pouco no assunto, diga-se. O Mundial feminino de handebol, porém, mostra que às vezes a tecnologia pode atrapalhar. Na última segunda, durante a competição disputada na Dinamarca, um erro grave afetou o placar do confronto entre Coreia do Sul e França, no Grupo do Brasil. Depois da análise do caso, a IHF (Federação Internacional de Handebol, na sigla em inglês) anunciou a suspensão do uso do vídeo até o fim da competição.
O lance polêmico (veja o vídeo acima) aconteceu por volta dos 16 minutos do jogo, quando o placar estava 6 a 6. Em um ataque da Coreia, um arremesso de longe bateu no travessão, quicou dentro do gol, voltou a tocar o poste e caiu em cima da linha. O juiz de quadra, confuso, pediu que os oficiais avaliassem o lance.
No handebol, o sistema não permite desafios, como em esportes como o vôlei e o tênis. Somente os árbitros, se estiverem em dúvida, podem requisitar a análise da cena por parte de um oficial da IHF. As imagens são da empresa francesa Vision Sport, que estreou a parceria com a IHF no Mundial masculino do começo do ano, no Qatar.
O problema é que somente o vídeo da segunda parte do lance, quando a bola bate de novo no travessão e quica na linha, foi exibido ao oficial da IHF. Com base no que viu, ele determinou que não foi gol e afetou diretamente o placar do jogo, que acabaria 22 a 22. O episódio foi tratado como um escândalo pela mídia dinamarquesa. O empate pode definir o futuro da Coreia do Sul, que briga pelas primeiras posições do Grupo C e pode, com o empate, cruzar com um rival mais forte do que gostaria já nas oitavas.
A reação da IHF foi dura. Na manhã desta terça, a entidade anunciou que todo o corpo de árbitros envolvido na partida não voltará a atuar no Mundial. Além disso, decidiu banir o sistema de vídeo por entender que “não é possível excluir completamente a margem de erro”. A entidade, no entanto, fala em tentar otimizar a análise para que no futuro ela possa voltar a ser utilizada.
“Eu aceito completamente a decisão da IHF. Eu só estou triste pelos outros juízes que não mereciam. Quando eu vi depois do jogo que estava errado, eu fui ao vestiário da Coreia e disse ao técnico que sentia muito pelo ocorrido. Ele me deu um grande abraço e disse: ‘É só handebol, o jogo está acabado e nós deveríamos esquecer isso. Não deveria acontecer´, é claro, mas foi um erro’”, disse Bjarne Munk Jensen, o oficial dinamarquês responsável pela análise do vídeo, ao jornal BT.