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Clubes exigem mudança imediata na CBB e ameaçam evento-teste de basquete

Fábio Aleixo/UOL
Representantes de seis equipes estiveram reunidos em São Paulo imagem: Fábio Aleixo/UOL

Fábio Aleixo e Vinícius Konchisnki

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

Os seis clubes que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF) confirmaram que não vão liberar suas atletas para a seleção brasileira para a disputa do evento-teste da Olimpíada entre os dias 15 e 17 de janeiro se a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) não aceitar as mudanças propostas nesta quinta-feira em São Paulo.

Os clubes exigem a imediata reformulação do departamento técnico da CBB e que os seis técnicos destas agremiações passem a integrá-lo e já façam a convocação para este evento. Este colegiado também quer ser responsável pela elaboração da programação até a Olimpíada e também da convocação.

"Se não tiver a participação destes técnicos não vai ter jogadoras para o evento-teste, infelizmente", afirmou Ricardo Molina, gestor do Corinthians/Americana, um dos idealizadores do movimento.

"E que estes técnicos se reúnam com o Zanon (treinador da seleção) e decidam quem vai dirigir o time. Por que não? São estes treinadores que vivem o dia a dia do basquete feminino. E que fique claro que este movimento não tem de nada de político", disse Molina.

"A CBB não tem ninguém que cuida do feminino", disse Antonio Carlos Vendramini, técnico do Corinthians/Americana. "O tempo do Zanon já deu. Ele não convoca as melhores jogadoras. Está fazendo a renovação de maneira errada", disse Laís Elena Aranha, gestora do Santo André.

Os clubes querem também que a CBB detalhe a destinação da verba disponível para a seleção.

"Seria muita burrice da CBB não aceitar esta proposta que só quer o bem do basquete feminino. Como atleta, claro que é duro não representar o Brasil em um evento-teste de uma Olimpíada que vai ser no seu país. Mas os clubes querem o melhor para o basquete e estou com eles. É meu clube que cuida de mim e paga meu salário", disse a ala-pivô Damiris.

A reunião contou com a presença de representantes dos seis clubes (Corinthians/Americana, América Recife, Sampaio Correa, Santo André, Maranhão e Presidente Venceslau) e jogadoras. O movimento que pede "Respeito ao Basquete Feminino" afirmou também não reconhecer a reunião marcada pela CBB e que ocorreu na tarde desta quinta-feira no Rio no auditório da Universidade Estácio de Sá, que ficou praticamente vazio.

"Esta é a reunião do tênis e shorts, e a do Rio de Janeiro é a da gravata, de gente que não sabe o que é o basquete feminino", afirmou Molina.

CBB rebate e diz não acreditar em boicote

Nesta reunião realizada no Rio de Janeiro para a apresentação do planejamento da seleção feminina, o presidente da CBB, Carlos Nunes, disse que não acredita em uma seleção brasileira desfalcada no evento-teste.

"Tudo está pronto para a Olimpíada. Esta situação (de manifestação dos clubes) não deveria existir. Deveríamos nos preocupar com outras coisas. Nosso planejamento para a Olimpíada está bem latente. Não acredito (que o boicote) seja levado a cabo. Seleção é seleção. Se os clubes querem fazer movimento político, que alguém se candidate à presidência da CBB em 2017", afirmou Nunes.

O diretor de seleções, Vanderlei Mazzucchini, lamentou a postura adotada pelos clubes de não enviar representantes para a reunião, defendeu o técnico Zanon e atacou membros do colegiado que quer tomar o controle da seleção.

"É uma tristeza muito grande estar debatendo basquete desta forma (auditório vazio). Eles (clubes) poderiam ter outra ação. Não é verdade quando dizem que as meninas não têm as condições necessárias ou que o tratamento é diferente do que damos ao masculino. A CBB precisa melhorar como um todo, mas não há discriminação. E quanto ao Zanon, quero dizer que ele ganhou tudo antes de assumir a seleção e e que tem um planejamento bem feito e que está sendo seguido à risca. É uma falta de caráter de outros treinadores de ficar falando mal dele pela imprensa, buscando o lugar dele", afirmou.

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