Crise tira mentor de Daiane dos Santos da ginástica do Brasil
Oleg Ostapenko trabalhou com ginastas brasileiras de 2002 a 2008. Nesse período, Daiane dos Santos foi campeã mundial, Jade Barbosa conquistou dois terceiros lugares em campeonato mundial e Laís Souza despontou como uma das principais atletas do planeta. O treinador ucraniano voltou ao país em 2011. E, quando estava prestes a testar a eficiência de seu segundo ciclo de trabalho verde-amarelo, vai deixar o país novamente. Desta vez, com o trabalho pela metade.
O técnico era coordenador do Centro de Treinamento de Ginástica de Curitiba, o Cegin, antiga sede da seleção feminina. O local, porém, é bancado via Lei de Incentivo fiscal. E depende da captação de recursos com empresas privadas, que investem parte do que pagariam de impostos no esporte. O problema é que, para o ciclo 2015-2016, o valor ficou abaixo do aguardado. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
“Desta vez, não captamos o valor total. E não tínhamos como bancar os treinadores. O projeto terminou em junho e o novo começou na sequência, mas não tínhamos como pagar o que o Oleg ganhava”, admite ao UOL Esporte a responsável pelo Cegin, Eliane Martins.
Nos últimos meses, Oleg teve seu salário dividido. Metade foi pago pelo Cegin, com dinheiro da Lei de Incentivo, metade pelo COB, que entrou no projeto para evitar a saída do treinador antes do Mundial de Glasgow, disputado em outubro – em que o Brasil terminou em nono lugar, a uma posição da classificação olímpica.
A partir desse mês, porém, as verbas acabaram. E Oleg marcou sua passagem de volta. Ele e a mulher, Nadia, embarcam para a Ucrânia no sábado. Antes dele, o Cegin já tinha perdido outro treinador estrangeiro, o bielorrusso Nikholay Hradoukin. “A alta do dólar foi um problema. Quando eles vieram, acertaram o salário em reais. E, hoje, com a variação cambial, estavam recebendo a metade do que foi acordado. O Nikholay veio conversar, perguntou se podíamos fazer a atualização. Não era possível e ele deixou o país. Com o Oleg, o caso era parecido”, diz Eliane.
A diferença é que Oleg, por sua identificação com o Brasil, não queria sair. Sua permanência, até agora, mostrava isso. O ucraniano sabia, há algumas semanas, que o Cegin não tinha dinheiro para mantê-lo, mas apostava nos esforços que profissionais como Eliane faziam para encontrar uma alternativa. “Acho que ele ainda acredita que pode ficar. Ele tem uma proposta para treinar a seleção biolorussa, que está vivendo uma reconstrução de todo o seu programa de ginástica. Mas ele ainda não aceitou a proposta. Acho que está esperando para ver se conseguirmos chamá-lo de volta”.
Caso isso aconteça, quem vai ser beneficiado é a seleção brasileira. Hoje, o Cegin conta com cinco ginastas da equipe. A principal é Lorrane Oliveira, melhor do país no individual geral no Mundial de Glasgow. Além disso, o time conta com Daniele Hypolito, a mais experiente das ginastas brasileiras, Lorena Rocha, Mariana Oliveira e a jovem Caroline Pedro, campeã brasileira juvenil. Em seu lugar, o CT paranaense promoveu a também ucraniana Irina Iliachenko, no país desde 1999.