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Etiene faz história em 2015, mas não é lembrada para premiação. Por quê?

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Medalha de prata de Etiene no Mundial de esportes aquáticos de Kazan-2015 foi um feito inédito para a natação feminina do Brasil imagem: Martin Bureau/AFP Photo

Fabio Aleixo e Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

Etiene Medeiros colecionou feitos em 2015. Em Toronto (Canadá), tornou-se a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos – venceu os 50m costas. Em Kazan (Rússia), obteve uma prata nos 50m costas – o pódio em um Mundial de piscina longa também foi algo inédito para uma nadadora brasileira. No entanto, as conquistas não foram suficientes para convencer a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) a indicá-la para concorrer ao Prêmio Brasil Olímpico, organizado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) para determinar os melhores atletas do país na temporada. A pernambucana de 24 anos foi preterida da lista de três nomes montada pela entidade que comanda a natação nacional.

"Eu ainda estou digerindo este assunto. Agora ainda não é um bom momento para falar sobre isso", disse Etiene ao UOL Esporte. "Temos de respeitar qualquer escolha. A decisão não é minha, e eu só posso aceitar. Fico triste, mas também fico feliz porque são amigos de trabalho que estão ali", completou.

Os indicados pela CBDA foram Thiago Pereira (que foi cinco vezes ao pódio no Pan – se isolou como maior medalhista da história da competição – e ganhou a prata nos 200m medley no Mundial de Kazan); Bruno Fratus (medalhista de prata nos 50m livre e ouro no revezamento 4x100m livre no Pan e medalhista de bronze nos 50m livre no Mundial de Kazan); e Brandonn de Almeida (medalhista de ouro nos 400m medley e de bronze nos 1.500m no Pan e campeão mundial júnior dos 1.500m em Cingapura, onde também levou a prata nos 400m medley). E foi Pereira o escolhido como o melhor atleta da natação em 2015 por um colegiado formado por jornalistas, dirigentes, ex-atletas e personalidades do esporte.

"Obedecemos a critérios técnicos. Tendo em vista que este foi um ano de preparação para a Olimpíada, quisemos valorizar os atletas que apresentaram um grande resultado visando a 2016. A medalha da Etiene no Mundial é importante, mas veio em uma prova que nem olímpica é. Não estamos desmerecendo a Etiene, mas os outros atletas foram superiores. A Etiene não é uma grande âncora pensando na Olimpíada", justificou Ricardo de Moura, superintendente técnico da CBDA.

"O Thiago Pereira conseguiu um feito histórico no Pan e foi eleito o melhor atleta das Américas (pela Associação dos Comitês Nacionais Olímpicos). O Fartus fez um grande resultado no Mundial. Como não ia colocá-lo na lista? E o Brandonn tem só 18 anos, foi campeão mundial e é um espelho para a nova geração. É algo visando o futuro. Só podíamos escolher três", completou o dirigente.   

Como não foi colocada nesta lista da CBDA, Etiene nem sequer pôde concorrer ao prêmio de melhor atleta de 2015. Estão na disputa Ágatha e Bárbara Seixas (vôlei de praia), Ana Marcela Cunha (maratona aquática) e Fabiana Murer (atletismo). A cerimônia será realizada no dia 15 de dezembro.

Um dia depois disso, em Palhoça (SC), Etiene iniciará a disputa do Open de natação. O torneio será o primeiro a valer índice para os Jogos Olímpicos de 2016 – o segundo será o Troféu Maria Lenk, em abril.

“Até este momento o meu ano está 99%. O 100% depende de Palhoça, mas eu estou muito feliz. Faltam três semanas, e agora é acumular energia. Todo o resultado que eu tive neste ano vai somar para nadar em Palhoça. A minha equipe tem me dado transparência e confiança para chegar ao Open e conseguir uma vaga”, afirmou a nadadora, que no últimodia 14 ganhou amedalha de ouro nos 50m livre no Meeting de Mineápolis (EUA).

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