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Clubes querem tomar controle da seleção feminina de basquete. CBB rebate

Marcello Zambrana/Inovafoto
Corinthians/Americana x Santo André pela abertura da LBF imagem: Marcello Zambrana/Inovafoto

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Os seis clubes que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF) querem tomar para si o controle da seleção feminina de basquete, tirando da Confederação Brasileira (CBB) o poder sobre convocação, planejamento de amistosos e torneios. A ideia do grupo é que um colegiado de treinadores tome todas as decisões a partir de agora. A movimentação para isso já começou nos bastidores e um dos que lideram o projeto é Ricardo Molina, gestor do Corinthians/Americana. 

O grupo de clubes ameaça também não liberar atletas para futuras convocações da seleção brasileira, sendo o primeiro deles o evento-teste da Olimpíada entre os dias 15 e 17 de janeiro no Rio de Janeiro.

"Não queremos boicotar nada. Queremos que a CBB passe o controle da seleção para os clubes até o fim da Olimpíada, não tem nada a ver com a Liga. Para ela, o basquete feminino é um mal necessário. Para nós é uma questão de sobrevivência. Não queremos mais a seleção sendo convocada por uma ou duas pessoas. Hoje, as jogadoras saem do clube, vão para seleção e desaprendem. Então, montaremos um colegiado para convocar as atletas. Este colegiado será formado por pessoas que vivem e entendem do basquete feminino, algo que não temos na CBB hoje. Não tem lá três pessoas que entendem do assunto. Eu não vou liberar mais atletas do meu time", disparou Molina ao UOL Esporte.

Para o dirigente, o trabalho desenvolvido por Luiz Augusto Zanon desde o começo de 2013 está aquém do esperado. O treinador assumiu o comando da equipe nacional justamente após deixar Americana.

"O Zanon se afastou do basquete feminino depois que assumiu a seleção. Voltou a trabalhar no basquete masculino (no São José). O Zanon teve sua oportunidade e não deu resultado. Falou-se tanto em uma renovação e o que temos visto é o Brasil dando vexames nas competições internacionais", criticou Molina.

"A CBB não dá a estrutura necessária para o feminino, Muitas vezes é até pior do que a dos clubes. É preciso mudar isso", disse o dirigente que comanda o grupo formado pelo Corinthians/Americana, América de Recife (PE), Sampaio Basquete (MA), Maranhão Basquete (MA). Presidente Venceslau (SP) e Santo André (SP).

"Nós não queremos boicotar a seleção. Queremos respeito com os clubes e com as nossas atletas. Hoje,o que representamos para a CBB? Nada. Seleções de base treinando 5 dias para as competições. Passaporte para as viagens os clubes têm que fazer, as jogadoras muitas vezes menores de idade tem que ir de ônibus ou de trem para o local da saída para os treinamentos. Será que pela história escrita pelas várias gerações não valeram nada? O único consolo é saber que hoje o comando da CBB está entregue à pessoas sem a mínima competência", escreveu a ex-técnica e atual diretora do Santo André Laís Elena Aranha em seu perfil no Facebook.

Procurado pela reportagem, o diretor de seleções da CBB, Vanderlei Mazzuchini, mostrou incredulidade com a situação e afirmou que os clubes tomarem controle da seleção está fora de cogitação.
 
"Não tem a menor chance de isso acontecer. Me surpreende muito este tipo de declaração. Quero marcar uma reunião para entender o que está acontecendo e quais são as demandas. Para mim, parece que ele está advogando em causa própria, e isso é muito feio. A comissão técnica que temos na seleção atualmente é a melhor que poderíamos ter, com pessoas que entendem muito de basquete feminino. Não consigo entender", afirmou ao UOL Esporte
 
"Quando o Zanon assumiu a seleção, o próprio Molina aprovou a escolha", completou.
 
Vanderlei também rebateu as críticas sobre a estrutura encontrada pelas jogadoras quando servem à seleção brasileira.
 
"Pode ter certeza que elas têm uma estrutura igual ou melhor do que o dos clubes. Ficam em bons hotéis, recebem diárias, têm seguro. Não difere nada do masculino", afirmou o dirigente.
 
 

 

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