Brasileiro do tênis de mesa viveu medo em Paris por atentados terroristas

Guilherme Costa
Do UOL, no Rio de Janeiro

Thiago Monteiro, 34, havia deixado Paris horas antes dos atentados terroristas perpetrados dia 13 de novembro deste ano – as ações combinadas deixaram pelo menos 130 mortos na cidade francesa. Não foi alívio, porém, o sentimento do mesa-tenista brasileiro, que vive na França desde 2001. A despeito de não ter sofrido diretamente com os ataques, percebeu ali que as ameaças eram bem mais iminentes do que ele imaginava.

“Para mim parece uma coisa fora da realidade, para falar a verdade. É algo que ao mesmo tempo é muito próximo e a gente nunca imagina que vai acontecer. A França é um país seguro”, opinou Monteiro, que vive em Argentan, cidade situada a pouco mais de 210 quilômetros de Paris. “A gente sempre fica surpreso que um país que sempre acolhe tão bem todo mundo tenha sofrido um atentado como esse, mas tem coisa que foge do meu entendimento. Não sei explicar, apesar de saber que existem intervenções deles no Oriente Médio e que pode ser um tipo de retaliação”, adicionou.

Monteiro havia chegado de Estocolmo às 10h (horário local) de sexta-feira (13) e resolveu ficar no aeroporto até 14h, quando pegou um trem para Argentan. No momento em que os ataques foram deflagrados, o mesa-tenista já estava em casa.

No domingo (15), porém, o brasileiro teve de fazer o caminho inverso. Convocado para o evento-teste olímpico do tênis de mesa, cujo início estava marcado para quarta-feira (18), o mesa-tenista precisou viajar até Paris e tomar um avião para o Brasil.

“Eu não estava muito tranquilo, não”, admitiu Monteiro. “Minha família falou para eu conversar com a confederação [brasileira de tênis de mesa, a CBTM] e não vir para o evento-teste. Foi complicado especialmente para os meus parentes que vivem aqui no Brasil e que só leem que os atentados vão continuar”, completou.

O brasileiro mora na França com a esposa Celine e o filho Theo, de três anos: “Minha esposa confia no meu julgamento, e eu disse que precisava vir. A confederação tem sido ponta firme com a gente, e a gente sabe que o torneio é importante para eles”.

O evento-teste do tênis de mesa não vale pontos para o ranking mundial e contou apenas com atletas de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Grã-Bretanha. A brasileira Gui Lin e o britânico Paul Drinkhall conquistaram as competições individuais disputadas no pavilhão 4 do Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Monteiro não foi o único brasileiro que ficou preocupado com o que aconteceu na França. A mesa-tenista Bruna Takahashi, 15, que entrou para a história na semana passada e conquistou o título mundial infantil em torneio disputado no Egito, chegou a ter o sono atrapalhado com o assunto.

“A gente estava conversando sobre isso, e depois eu fui dormir. Comecei a gritar sozinha e bater nas coisas, e depois peguei no sono de novo. Acho que foi um pesadelo”, relatou a brasileira.