Pezão admite que finanças do Rio "desmancharam", mas garante recursos
Rodrigo Viga GaierReuters, no Rio de Janeiro
Apesar da forte crise financeira que atinge o Estado do Rio de Janeiro, que coloca em risco até o pagamento de servidores no fim de ano, não faltarão recursos para a conclusão das obras voltadas para a Olimpíada de 2016, segundo o governador Luiz Fernando Pezão.
O governo do Rio tem alguns importantes compromissos para honrar com a preparação dos Jogos, como o investimento em geradores de energia para alimentar as mais diversas instalações que serão usadas em 2016 e, principalmente, recursos para finalizar as obras da Linha 4 do metrô, avaliados em ao menos 1,5 bilhão de reais.
"Estamos negociando com os bancos, são empréstimos que estão sendo liberados também com alguma dificuldade, mas não vamos hesitar. Não faltarão recursos para as Olimpíadas. Não haverá problemas", disse Pezão em entrevista à Reuters. "Estamos negociando com BNDES e bancos oficiais. A obra do metrô não está comprometida e vai sair'.
Apesar da garantia, há uma grande preocupação com as finanças do Estado. Com a recessão na economia brasileira e a crise no mercado de petróleo, devido à queda no barril do petróleo e redução dos investimentos da Petrobras, as finanças do Estado, "desmancharam", de acordo com o governador.
O Rio ainda precisa levantar de 2 a 3 bilhões de reais neste fim de ano para honrar compromissos. Essa semana, o pagamento de fornecedores foi prorrogado para o fim do mês, e o Estado ainda não tem o valor de 1 bilhão de reais necessário para pagar em meados de dezembro a segunda parcela do 13º salário dos servidores.
Pezão precisou enviar à Assembleia Legislativa 11 projetos de lei para conseguir novos recursos e receitas não recorrentes neste ano. Para 2016, ano da Olimpíada, o governador conta com 15 bilhões de reais em receitas atípicas para poder fechar as contas "no zero a zero".
"A arrecadação voltou aos níveis de 2009. Essa é uma coisa de maluco e muito difícil. Já paguei 50 por cento do décimo terceiro dos servidores e estou lutando para pagar o restante, tomara ainda esse ano", disse Pezão. "Estamos tirando coelhos da cartola todos os dias... mas posso dizer que segurança, saúde, educação e Olimpíadas são nossas prioridades", declarou.
Para cumprir suas promessas, o governador pode adotar medidas impopulares como aumentar impostos, como o ICMS do Estado, e atrasar o pagamento do serviço da dívida com a União, orçada em cerca de 8,5 bilhões de reais.
Terrorismo e ocupação nas favelas
Os atentados em Paris assumidos pelo Estado Islâmico e que deixaram ao menos 129 mortos deixaram as autoridades fluminenses em alerta. Especialistas ouvidos pela Reuters disseram que o Brasil não está preparado para evitar eventuais ataques programados para a Olimpíada, e que a ajuda de países acostumados a lidar com atentados será fundamental para o sucesso da segurança dos Jogos.
"Estamos muito preocupados, mas há um destaque muito grande e uma grande articulação sendo feita nessa direção...teremos (o presidente dos EUA, Barack) Obama, (o presidente da Rússia, Vladimir) Putin, Irã e outros. Uma festa", declarou Pezão.
O governador aposta na troca de informações e de experiência na área de inteligência entre os países para garantir a integridade de atletas, delegações e chefes de Estado, em 2016. "A troca de experiência na área de inteligência será fundamental', disse.
Pezão antecipou que em uma outra frente, as autoridades se preparam para ocupar comunidades violentas da cidade próximas ao local dos Jogos. Segundo ele, os complexos do Chapadão e Pedreira, na periferia da cidade, serão ocupadas por forças militares e, possivelmente policiais antes e durante o evento.
"Ali vai ter ocupação nas Olimpíadas. Está do lado de um local de Jogos. Vai ter ocupação de Marinha, Exército e Aeronáutica naquela região", finalizou ele.