Kaio Márcio espera 'imitar' Phelps e ressurgir após dois anos parado

Guilherme Ceciliano
Do UOL, em São Paulo
Flávio Florido/UOL

Kaio Márcio de Almeida foi uma das principais revelações da natação brasileira no início do século. Depois de participar de três Olimpíadas (2004, 2008 e 2012) e quebrar dois recordes mundiais, o nadador busca recuperar a sua melhor forma após dois anos afastado, período em que ele descansou, passou por uma cirurgia no ombro e até experimentou uma brevíssima carreira na política.

Com 31 anos, o nadador brasileiro crê na possibilidade de voltar a sua melhor forma da carreira. Hoje, os resultados estão distantes do seu auge. Mas a inspiração para um bom retorno vem do norte-americano Michael Phelps, que parou dois anos depois dos Jogos de Pequim em 2012 e rapidamente recuperou seu ritmo anterior.

“Ele (Phelps) voltou melhor, até. Meu objetivo é esse: conseguir neste final do ano bons resultados, senão minhas melhores marcas. Seria ótimo”, desejou Kaio.

Só que o retorno de Kaio após seu ‘ano sabático’, em 2013, não foi tão tranquilo quanto o do maior nadador de todos os tempos. O rendimento estava muito mais baixo que o normal. O motivo? Ele tinha apenas 10% do tendão do ombro, algo que não lhe causava dor, mas que afetava diretamente a força de suas braçadas. Assim, ele foi obrigado a passar por uma cirurgia e ficar mais um ano afastado.

Neste meio tempo, um convite diferente: o Partido Ecológico Nacional (PEN) chamou o nadador para ser candidato a deputado federal pela Paraíba, terra natal do nadador, onde ele desenvolve alguns projetos sociais. Kaio aceitou o desafio e se filiou, mas a candidatura nas eleições de 2014 nunca aconteceu.

“Eu me filiei para ver como era o mundo político. Minha primeira ideia era desenvolver mais o esporte. Acho que é algo que temos aproveitado muito pouco, não temos uma política de esporte bacana no país. Mas não gostei muito não. Não achei real. O discurso da política é diferente demais da prática. Achei melhor não me meter nisso aí”, justificou.

Nas últimas duas Olimpíadas que participou, Kaio viveu duas situações bem diferentes: se em 2008 ele nadou a final dos 200m borboleta ao lado de Phelps (ficou em sétimo, dois segundos atrás do norte-americano), em 2012 sequer conseguiu passar das eliminatórias. “Tive gripe um pouco antes e isso me debilitou. Me poupei demais e acabei ficando fora”, lembra.

Todo o estresse de competição, o fizeram querer uma pausa na carreira, um tempo para descansar. E depois de Londres que ele escolheu tirar ‘férias’.

“Fui dar um tempo, estava desde 1999 nadando. Foram quase 14 anos na seleção brasileira, todos os anos. É muito cansativo, requer muito da gente. Depois da Olimpíada de Londres decidi dar um tempo, uma desacelerada. Estava com a cabeça cansada, resolvi dar um tempo, mas sabendo que ia voltar”, explicou.

Kaio já teve o recorde mundial dos 50m borboleta (fez 22s60 em 2005) e ainda é dono da melhor marca sul-americana dos 100m borboleta (49s44, em 2009). Mas sua especialidade é a prova dos 200m borboleta: ele já quebrou o recorde mundial desta prova como o tempo de 1min49s11, em 2009.

A realidade hoje, sem supermaiôs, é diferente: no Troféu José Finkel deste ano, ele fez 1min57s80 (um segundo mais lento que o sul-africano Chad Le Clos – principal rival de Michael Phelps – marcou na Copa do Mundo).

“Eu tenho que melhorar. Para ficar na briga por medalhas tenho que baixar meio segundo nos 200 e nos 100 algo em torno disso. Eu sei que é mais difícil, mas, se encaixar direitinho, tem condições, sim”, calculou.

Para alcançar seus objetivos, no começo deste ano Kaio acertou para treinar no Minas Tênis Clube. Conseguiu vaga no Pan-Americano de Toronto, onde foi ouro com a equipe brasileira nos 4x200m livre e ficou com a quinta colocação nos 200m borboleta. O caminho até os Jogos do Rio de Janeiro no ano que vem parece longo, mas a determinação de competir sua quarta Olimpíada em casa motiva o experiente nadador.

“Queria muito competir no Rio em 2016. Eu vejo em outros países como é... Nadar em casa faz muita diferença! Eu participei do Pan no Rio e acredito que Olimpíada vai ser algo ainda maior”, visualizou.