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Finlandês era fenômeno em Olimpíada mas depois "sumia" em rotina secreta

 Tony Duffy/Allsport
Lasse Virén (de azul) vence os 5.000 metros nas Olimpíadas de 1976 imagem: Tony Duffy/Allsport

Do UOL, em São Paulo

Um fenômeno em ano de Olimpíadas e um coadjuvante nos demais períodos. O finlandês Lasse Virén fez história nas provas de fundo e conquistou algo nunca repetido: medalha de ouro nos 5.000 metros e nos 10.000 metros em duas edições seguidas dos Jogos (1972 e 1976). Mas talvez sua história chame ainda mais atenção porque ele “sumia” nos demais anos. Treinos puxados na altitude e uma rotina secreta o deixaram ao mesmo tempo em evidência e sob suspeita.

A ascensão de Virén foi meteórica. Em 1971, aos 22 anos, foi sétimo colocado nos 5.000m em um campeonato europeu. No ano seguinte, nas Olimpíadas de Munique, foi ouro nessa prova e nos 10.000 metros, batendo o recorde mundial de ambas. Detalhe: nos 10.000, ele e o tunisiano Mohamed Gaumodi tropeçaram e caíram na 12ª volta, perto do fim.

Virén se levantou e passou a correr ainda mais rápido. Recuperou as posições que perdeu e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. Ele deixou o ritmo da prova tão intenso que os quatro primeiros colocados ficaram entre os seis melhores tempos da história naquela época.

O finlandês, então, tornou-se referência. Passou a receber convites para as principais provas do mundo. Recusou quase todos. Nos poucos que aceitou, seu desempenho decepcionou. Entre as Olimpíadas de 1972 e a edição seguinte, Virén trocou corridas profissionais por treinamento. Muito treinamento. E com uma novidade: a altitude.

Ele é apontado como o primeiro europeu a priorizar os treinos em grandes altitudes. Passou a correr no Quênia e na Colômbia, numa carga de trabalho alucinante para os padrões da época. Segundo seu técnico, Rolf Haikkola, revelou em um livro, Virén corria todos os dias, em duas ou até três sessões, numa média diária de 21 quilômetros.

“Ele chegou a correr oito mil quilômetros em um ano. Eram treinos de resistência de muita qualidade. Virén era muito forte e tinha o corpo perfeito para isso”, relatou o técnico. O resultado dessa rotina foram mais duas medalhas de ouro em 1976, em Montreal.

Por outro lado, o sumiço e o mistério que cercavam a preparação de Virén também geraram uma onde de suspeitas. O finlandês foi acusado de passar por transfusões de sangue para elevar sua taxa de glóbulos vermelhos. A prática não era proibida na época, mas os adversários questionaram. “Nunca fiz nada de errado”, defendeu-se Virén. Em 1976, o finlandês ainda disputou a maratona nas Olimpíadas, mas ficou em quinto lugar e "só" levou duas medalhas de ouro para casa.

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