Futebol brasileiro já quebrou protocolo olímpico e deixou vazio no pódio
Vanderlei Lima e Vagner MagalhãesDo UOL, em São Paulo
A seleção brasileira masculina de futebol chegou como favorita aos jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Na ocasião, o técnico Zagallo preencheu as três vagas para jogadores acima dos 23 anos com os tetracampeões Bebeto e Aldair, além de Rivaldo. O time tinha ainda Ronaldo, Dida e Roberto Carlos, outros que viriam a se notabilizar na seleção principal. Mas o time caiu na semifinal, em uma improvável virada para a Nigéria, notabilizada pelo gol de ouro de Kanu. O inesperado resultado fez com que o time voltasse antes ao Brasil e não participasse do pódio oficial da modalidade. A Nigéria ficou com a medalha de ouro e a Argentina com a prata.
O time de Zagallo terminou o primeiro tempo vencendo a Nigéria por 3 a 1, mesmo time em que na primeira fase havia batido por 1 a 0. Mas no final do tempo normal, a Nigéria conseguiu o empate e no início da prorrogação o gol histórico que levaria o time africano à final.
O resultado provocou muitas críticas ao time brasileiro. O então presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, em entrevista coletiva, disse com todas as letras que "houve salto alto na semifinal contra a Nigéria".
E foi a pedido da própria CBF que a cerimônia de entrega das medalhas foi alterada. Ocorreu ao fim da disputa do terceiro lugar, em que o Brasil venceu Portugal por 5 a 0. De tão favoritos que eram, os brasileiros não esconderam o constrangimento com o bronze.
O goleiro Danrlei recorda que sem a chance do ouro, os próprios jogadores não esconderam a vontade de voltar ao Brasil. Havia também a pressão dos clubes para ter os seus atletas de volta.
"O Brasil pediu para adiantar em um dia a premiação. Senão a gente teria de ficar mais dois dias lá para poder viajar. Era uma delegação grande e todos tinham os seus campeonatos para disputar. Os clubes estavam pressionando e o Comitê Olímpico antecipou a entrega das medalhas. Fomos direto do campo para o aeroporto", disse ele.
No retorno ao Brasil, diferentemente de outros atletas que chegaram ao país exibindo as suas medalhas, a maioria dos jogadores da seleção trouxe a premiação em sua bagagens.
"Se fosse de ouro, todos os jogadores chegariam com a medalha no peito. A de bronze não é a mesma coisa, mas valeu a conquista", disse o volante Amaral, no desembarque. Uma das exceções foi o também volante Flávio Conceição, que desembarcou com ela no peito. "A medalha de bronze é muito importante", disse ele, na ocasião.
Antes da estreia do Brasil, o técnico Zagallo chegou a afirmar que "essa equipe não veio para ganhar prata ou bronze". Mas ao fim do torneio disse que foi "um bronze com fecho de ouro", após a goleada contra Portugal.
Passados 12 anos, a seleção ganhou outro bronze, mas desta vez esteve no pódio. Eliminado pela Argentina, que desta vez venceu a final contra a Nigéria, o Brasil ficou com o terceiro lugar depois de vencer a Bélgica. Na época, Ronaldinho Gaúcho foi bastante criticado por utilizar o seu telefone celular durante a cerimônia de premiação.