A ginástica artística masculina tem um dono: Kohei Uchimura. Nesta sexta, o fenômeno japonês mostrou mais uma vez seu amplo domínio no esporte, venceu com sobras o Mundial de Glasgow e chegou à sua sexta conquista na competição. Arthur Nory, um dos dois brasileiros que participaram da final individual geral, terminou na 12ª colocação.

A vitória tranquila na Escócia reforça o status de Uchimura, campeão olímpico em Londres, em 2012, e favorito absoluto para a Rio-2016. Impecável, ele venceu com 92,332 pontos e ampliou o recorde de títulos mundiais de ginástica, que já era dele. Seu vice, no entanto, conseguiu seu lugar com 90,698 pontos e muito estilo.

Manrique Larduet surpreendeu, se apresentou especialmente bem nas barras paralelas e contou com uma queda do britânico Max Whitlock para ser o primeiro cubano na história a ganhar uma medalha individual geral em Mundiais de ginástica. Completo e carismático, ele também aponta como estrela do esporte para 2016.

Para os brasileiros, a prova serviu como mais um treino, já que nenhum deles tinha chance real de brigar com os favoritos. Exceção feita ao salto, Nory foi regular em todos os aparelhos e conseguiu o 12º lugar. Um pouco mais impreciso, Lucas Bittencourt caiu em sua apresentação de solo e teve de se contentar com o 20º.

"Todo ano eu falo ‘quero estar no top 10, não quero mais ficar pra trás’. Mas nesse ano deu tudo certo. Quem errou no primeiro dia, resolveu acertar hoje e me deixou pra trás", brincou Nory. "Mas eu estou muito satisfeito com a minha competição, estou mantendo a minha regularidade, a minha consistência, e isso é muito importante pra comissão técnica ver que dá para contar comigo em competição futura. Eu estou muito feliz, muito grato, e isso aqui é uma felicidade que não dá pra explicar, é paixão".

Lucas também preferiu falar em tom otimista. "Nos dois dias anteriores de competição eu acertei todos os aparelhos que eu fiz, e hoje eu tive um erro no solo e um pequeno erro na paralela. Mas acontece, a gente é humano, todo mundo erra. Agora é melhorar isso pras próximas competições".

Agora, a última participação do Brasil no Mundial será na final da barra fixa, com o mesmo Arthur Nory. Para os meninos, o saldo é positivo por conta da classificação antecipada da equipe para a Rio 2016. Já a seleção feminina terá de lutar por espaço no evento-teste do começo do próximo ano.

PRIMEIRA ROTAÇÃO
Arthur Nory e Lucas Bittencourt abriram a competição exatamente ao mesmo tempo. Nory repetiu a regularidade mostrada nos últimos dias e fez uma série segura no cavalo (14,500). Já Lucas teve desequilíbrios e pequenos erros de execução nas argolas (14,200). No solo, no bloco dos favoritos, o americano Danell Leyva teve uma queda e se complicou, e o ucraniano Oleg Verniaiev foi muito inconstante. Melhor para Kohei Uchimura, Daniel Purvis e Deng Shudi, que passaram bem pelo aparelho. Na rotação, destaque para o britânico Max Whitlock, que aproveitou que estava em seu melhor evento e foi o único a passar dos 16 pontos, para delírio do público.

SEGUNDA ROTAÇÃO
A segunda série de aparelhos fez estrago para alguns candidatos a medalha. Leyva, Verniaiev e o chinês Ruoteng despencaram do cavalo e deram adeus à briga. O também chinês Deng ficou com uma nota baixa e viu Uchimura brilhar e assumir a liderança, com Whitlock caindo para a segunda posição. Destaque para o cubano Manrique Larduet, que fez ótima série nas argolas e disparou para a sexta posição. Entre os brasileiros, Lucas e Nory mostraram regularidade e fizeram notas muito parecidas com as que tinham obtido nas eliminatórias no salto (14,733) e nas argolas (14,000), respectivamente.

TERCEIRA ROTAÇÃO
Os favoritos chegaram às argolas, e Uchimura abriu mais vantagem ainda em cima de seus adversários apesar de não atingir 15 pontos. Max Whitlock, que teve uma falha na saída, conseguiu ainda assim uma boa nota no salto (15 cravados) e se manteve no encalço do japonês, deixando chineses para trás. Larduet seguiu em evolução e conseguiu 15,433 no salto, um de seus melhores aparelhos, assumindo a terceira colocação. Lucas Bittencourt teve um grande desequilíbrio na saída das paralelas e ficou com uma nota baixa (13,566). Nory, no salto, ficou bem abaixo das eliminatórias e pela primeira vez nos três dias em que competiu saiu de um aparelho sem sorrir (14,466).

QUARTA ROTAÇÃO
A quarta sessão serviu para distanciar de vez os três primeiros colocados do restante dos adversários. Enquanto Uchimura cravou a maior nota do salto, Larduet fez o mesmo nas paralelas e Whitlock se manteve firme em segundo com boa pontuação também nas barras. A rotação ficou marcada pela lesão do belga Florian Landuyt, que machucou o pé durante apresentação no solo e teve de sair de maca do tablado. Para Nory, a sessão foi boa, com 14,800 nas paralelas. Já Lucas não passou de 14,300 na barra fixa.

QUINTA ROTAÇÃO
Uchimura continuou com seu showzinho particular ao brilhar nas paralelas. Por sua vez, Larduet fez ótima série na barra fixa e aproveitou que Whitlock caiu no mesmo aparelho para subir ao segundo lugar. Melhor também para o chinês Deng, que quase cravou 16 pontos nas barras e voltou a brigar pelo pódio, em terceiro. No solo, Lucas Bittencourt teve outra falha grave, uma queda, e tirou mais uma nota baixa (12,966). Já Arthur Nory mostrou por que é finalista da barra fixa e fez sua maior nota do dia no aparelho (15,200).

SEXTA ROTAÇÃO
Entre os favoritos, Deng foi o primeiro a encerrar a participação com uma nota razoável na barra fixa. Verniaeiv, no mesmo aparelho, não conseguiu superar o asiático, que levou o bronze. No solo, Larduet confirmou as expectativas com sua boa série e assegurou a prata inédita para Cuba. Uchimura foi para a barra fixa com a pressão de não cair, já que teve uma queda na final por equipes. Mas dessa vez ele não deu sustos, teve apenas um desequilíbrio, e confirmou o incrível hexacampeonato com quase dois pontos de diferença para Larduet. Nory se despediu com uma boa performance no solo (15 cravados) e o 12º lugar geral. Lucas encerrou no cavalo (14,066) e terminou na 20ª colocação.