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Como a prata e o bronze foram mais importantes que ouro de ginasta dos EUA

Alex Livesey/Getty Images
Larissa Iordache (e), Simone Biles (c) e Gabby Douglas mostram suas medalhas imagem: Alex Livesey/Getty Images

Paula Almeida

Do UOL, em Glasgow (ESC)

Simone Biles fez história na noite de quinta-feira ao se tornar a primeira mulher a conquistar um tricampeonato mundial consecutivo de ginástica artística. Nem mesmo uma queda na trave e um passo para fora do solo comprometeram a nota alta da norte-americana, favorita desde já ao ouro olímpico na Rio-2016. Mas na final feminina do individual geral, as medalhas de prata e bronze tiveram sabor ainda mais especial do que o título de Biles.

O choro compulsivo de Larissa Iordache e o sorriso aberto de Gabby Douglas mostravam que o resultado, mesmo não sendo o lugar mais alto do pódio, era digno de orgulho e alívio.

O título olímpico de Londres-2012 credenciava Douglas a uma medalha e a apontava como grande rival da compatriota Biles. No entanto, a ginasta ficou quase três anos sem competir e voltou a treinar no início dessa temporada. Retomou boa forma de maneira relâmpago, comprovando por que já era chamada de fenômeno quando despontou na ginástica.

“É uma loucura eu estar aqui. Quando eu voltei aos treinos, eu nem poderia imaginar que eu estaria aqui [no Mundial], e em segundo no individual geral. É incrível”, exaltou Gabby Douglas, que apontou as próprias falhas no solo, na trave e nas barras, mas preferiu comemorar a lamentar. “Eu estou muito feliz e empolgada. Eu literalmente não poderia imaginar nada disso. Eu queria estar na equipe, esse era o meu objetivo no ano, e estava determinada a dar um passo de cada vez”.

Já o bronze de Iordache teve sabor de vingança, como ela mesma falou. Vice-campeã olímpica em Londres, a romena fracassou nas eliminatórias da última sexta-feira. Sentiu a pressão de ter que conduzir sua baleada seleção (que viu duas ginastas se machucarem e ficou até sem reservas) e não conseguiu colocar a Romênia entre as oito finalistas e classificadas para os Jogos do Rio-2016.

“Ainda estou um pouco chateada pela sexta-feira. Não consigo esquecer porque a equipe é muito importante para mim. Eu ganhei motivação a partir de todas as mensagens que recebi depois das eliminatórias. É ótimo ver como as pessoas apoiaram, mesmo depois do que aconteceu na sexta-feira. Essa medalha é para todos que me apoiaram e para a minha família”, afirmou Iordache, que caiu em prantos quando sua nota das assimétricas foi divulgada. Era a nota do bronze.

“Me sinto melhor do que na sexta, mas eu sempre quero mais. É só o bronze. Eu posso fazer melhor. Foi difícil depois das eliminatórias, mas tive meus técnicos, meus pais e minhas companheiras de equipe, então consegui controlar o meu nervosismo. Hoje foi como uma vingança para mim”.

Enquanto a segunda e a terceira colocada falavam em tom de exaltação, Simone não escondia o alívio por ter mantido o título mesmo com as falhas, algo tão raro em suas séries que beiram à perfeição.

“Algumas vezes a pressão aumenta, e eu tento não pensar muito nisso. Mas hoje eu senti um pouco”, admitiu a agora tricampeã. “Eu estou muito orgulhosa do meu trabalho e de tudo que eu apresentei. Eu sei que não foi meu melhor dia, mas ainda assim estou orgulhosa do que fiz. Hoje eu não fui a melhor que eu posso ser, e sei que posso fazer muito mais do que eu fiz”.

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