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Ouro olímpico fez brasileiro usar celular pela 1ª vez. E falar com Collor

Reprodução/Esporte(ponto final)
Primeira ligação de Rogério Sampaio no celular foi para falar com o presidente da República imagem: Reprodução/Esporte(ponto final)

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Você se lembra da primeira vez que usou um telefone celular? No caso do ex-judoca brasileiro Rogério Sampaio, 48, a descoberta do aparelho foi extremamente marcante. Ele descobriu a telefonia móvel em 1992, instantes depois de ter conquistado a medalha de ouro do peso meio-leve nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Atendeu o presidente da República, que na época era Fernando Collor de Mello, e ainda ganhou a promessa de um patrocínio pessoal.

“Foi algo bem rápido, na verdade. Ele disse: ‘Rogério, quem está falando aqui é o Fernando Collor, presidente da República. Eu queria lhe parabenizar e dizer que todo o país está muito feliz com a sua conquista. Queria falar para você ficar tranquilo que o Banco do Brasil vai patrociná-lo’. Eu não tinha nem discutido valores, mas já saí de lá com um contrato”, contou Sampaio.

Meses antes do ouro em Barcelona-1992, Rogério Sampaio havia sido o único brasileiro do judô masculino a sair sem medalha do Pan-Americano da modalidade. Por isso, estava longe de ser favorito quando chegou à Espanha.

“Eu estava sofrendo muito para perder peso na época. Cheguei totalmente extenuado ao fim da competição”, relatou o brasileiro, cuja categoria impunha um limite de 65kg. Depois de Barcelona-1992, Sampaio subiu para o leve, que comporta judocas de até 72kg.

A necessidade de perder peso foi um importante escudo para o brasileiro antes dos Jogos: “Eu não li jornais e não tinha visão do que as pessoas esperavam de mim. Estava tão concentrado que não tive tempo de me preocupar com essas questões. E na época a gente não tinha alguns componentes que existem hoje, como a internet. Você já imaginou o atleta hoje? Ele vai lutar amanhã, abre os sites e vê lá que é favorito e medalha certa, o que coloca uma pressão em cima, ou não tem chance alguma, o que coloca a autoestima lá embaixo”.

“Eu não lia. Não lia nada. Falta de hábito, falta de internet, falta de acesso.... A gente nem ligava para casa porque era preciso ir ao telefone público e era caro. Então, essas informações sobre análises acabavam não chegando a mim”, adicionou o judoca.

Por tudo isso, o ouro olímpico teve um impacto ainda maior no tratamento das pessoas com Rogério Sampaio. Até a conquista do judoca, o Brasil não tinha subido ao topo do pódio nos Jogos de 1992.

“O tratamento mudou assim que eu saí do tatame”, contou Sampaio. “Foi uma vibração enorme da torcida, e aí já me colocaram o telefone no ouvido. Eu, supersimples, nunca tinha usado um celular. Saí dali falando com o presidente da República, com a imagem divulgada para o Brasil inteiro e com um patrocinador pessoal, algo que eu não tinha”, completou.

A comemoração do judoca foi menos midiática. Sampaio voltou à Vila Olímpica, jantou, deixou as coisas em um armário e saiu para festejar com Aurélio Miguel e Wagner Castropil, também judocas: “Voltamos às 4h30. Estávamos felizes, celebrando muito”.

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