Brasil desafia anfitriões e rigor de juízes por vaga na ginástica masculina
Paula AlmeidaDo UOL, em Glasgow (ESC)
A ginástica artística do Brasil sempre foi reconhecida pelos talentos femininos. Lais Souza foi uma das grandes atletas do salto, Daiane dos Santos, Daniele Hypolito e Jade Barbosa foram medalhistas mundiais, a equipe foi finalista olímpica. Os homens dependiam de talentos individuais como Diego Hypolito, bicampeão mundial, e Arthur Zanetti, ouro olímpico. Mas agora, é a equipe deles que dá as cartas na modalidade do país. E se a classificação feminina direta para os Jogos do Rio-2016 ficou quase impossível no Mundial de Glasgow, as expectativas são grandes para que o time masculino conquiste neste domingo a primeira vaga de sua história para uma Olimpíada.
Na disputa por equipes, o Brasil será representado por Arthur Nory, Caio Souza, Francisco Barreto, Lucas Bittencourt (os quatro que se apresentarão nos seis aparelhos), Zanetti (argolas, solo e salto) e Péricles da Silva (barra fixa, paralelas e cavalo com alças). Diego será o reserva. Para se classificar para a Olimpíada, o time precisa ficar entre os oito primeiros colocados. E se terminar entre o nono e o 16º lugar, terá uma última chance no evento-teste em abril do ano que vem. Mas os resultados recentes e o otimismo do grupo mostram: o passaporte deve ser carimbado agora.
“Apesar de ser um especialista, sempre briguei por equipes em clube, seleção. Então agora a gente está mais fortalecido mesmo pelo fato de acreditar que dá mesmo para pegar uma final e conseguir essa vaga olímpica logo agora, nesse Mundial”, comentou Zanetti, que apesar de ser candidato a uma medalha nas argolas, garante estar mais focado na prova coletiva.
O otimismo também está na comissão técnica, mesmo com a ausência de Sergio Sasaki, melhor generalista do Brasil, que não está em Glasgow devido a uma cirugia.
“A gente tem que estar preparado para tudo. Uma equipe que quer ser vencedora tem que estar preparada para qualquer momento, qualquer adversidade. A gente está com uma equipe focada, eles estão bem treinados, cada um já sabe o que tem que fazer. A ausência do Sasaki vai dificultar um pouco, mas não vai evitar de a gente chegar na classificação”, afirmou Marcos Goto, um dos treinadores da seleção.
Na briga pela vaga olímpica, o Brasil estará logo na primeira subdivisão da fase qualificatória, ou seja, ninguém terá competido entre os homens ainda. De quebra, a sessão inicial também terá o Reino Unido, justamente os donos da casa. Bom ou ruim? Tudo depende do ponto de vista.
“O lado ruim é o de a gente ser quem abre a competição. Mas o lado bom é que a gente não sofre nenhuma pressão. Nós somos os primeiros a competir, então a nossa competição serve de base para os outros também. Se a gente fizer uma boa competição, aí quem quiser ganhar da gente tem que competir bem melhor”, destacou Goto.
Zanetti também viu um lado bom em estar na mesma subdivisão dos anfitriões, rivais diretos pela vaga e candidatos até a uma vaga no pódio.
“Acredito que a gente saiu com um ponto positivo e um negativo. Negativo por ser o primeiro grupo, abrir a competição. Isso não é muito bom, porque os árbitros vão estar com a memória fresca do que falaram nas reuniões deles. Então, o primeiro grupo é sempre o que eles pegam no pé. Mas é bom que a gente está com o Reino Unido. Então não é um grupo fraco, é um grupo em que a gente tem que acompanhar eles [britânicos]. Se fizer o que eles fizerem, a gente vai se dar bem”, opinou.
A equipe masculina do Brasil estreia no Mundial de Glasgow neste domingo, às 9h15 (horário de Brasília). No mesmo dia, também se apresentam fortes seleções como Alemanha, Rússia, o próprio Reino Unido e os favoritos Japão e China. A fase classificatória termina na segunda-feira com nações como Ucrânia, Romênia, França e Estados Unidos. A final por equipes acontece na quarta-feira, a decisão individual geral masculina ocorre na sexta e as finais por aparelhos serão no próximo fim de semana.