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Pressão por ouro olímpico fez japonês se matar com lâmina e deixar bilhete

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Tsuburaya se matou aos 27 anos, pouco antes das Olimpíadas de 1968 imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

O japonês Kokichi Tsuburaya entrou no estádio Nacional de Tóquio confiante de que terminaria a maratona dos Jogos Olímpicos de 1964 em segundo lugar. Diante de mais de 70 mil pessoas, vacilou nos últimos metros e viu um britânico roubar sua posição no pódio, ficando com o bronze. A torcida ainda assim comemorou, mas Tsuburaya não. Nascia ali uma frustração que quatro anos depois levaria ao suicídio do maratonista.

O peso que surgiu nas costas de Tsuburaya naquele dia foi colocado principalmente por ele mesmo. Seu companheiro de quarto na época, Kenji Kimihara, revelou o desabafo do maratonista após a medalha de bronze. “Cometi um erro imperdoável diante de todo o país. Só terei o perdão se ganhar o ouro nas Olimpíadas do México e entrar no estádio com a bandeira japonesa”.

Tsuburaya, então, passou a respirar maratona. A junta militar japonesa traçou um rigoroso plano de quatro anos de treinamento para o maratonista, confiante que ele poderia ganhar o ouro nos Jogos de 1968, no México. Tsuburaya precisou se afastar de família, namorada e amigos nesse período. Tudo o que ele fazia era correr, descansar e correr.

Conquistar a medalha de ouro havia se tornado não só uma obsessão para o maratonista, mas uma questão de honra. Tudo ia bem até que a sobrecarga de treinos começou a causar lesões, entre elas uma grave na região lombar. Tsuburaya ficou três meses se recuperando.

Quando voltou a treinar, sentiu que seu corpo não era mais o mesmo. As dores eram permanentes, e ele, aos 27 anos, não conseguia correr como antes. Foram semanas de muito esforço para tentar compensar o tempo perdido, mas nada surtiu efeito.

No dia 9 de janeiro de 1968, a poucos meses das Olimpíadas, os companheiros de Tsuburaya no centro de treinamento sentiram falta do amigo numa refeição. Foram até o quarto e o encontraram com o pescoço cortado, cercado de sangue. Segundo relatos da época, em uma mão estava a lâmina de barbear que usou para se cortar. Na outra, a medalha de bronze dos Jogos de 1964. E na cômoda havia um bilhete: “estou cansado, não posso correr mais”.

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