Pugilista-modelo apelidada de 'cobra' foi proibida de namorar para lutar
Do UOL, em São PauloEla leva o apelido de “Píton”. Mas Juliana Rocha não é uma cobra no mal sentido. A portuguesa não é uma traíra ou uma fofoqueira, é apenas um talento do boxe amador - em que se ataca rápido para pontuar e vencer as pelejas. Juliana é modelo e divide sua rotina com os estudos e os treinos, de olho principalmente em garantir vaga nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Lutar está no sangue da pugilista de 23 anos, que foi influenciada nos esportes pelo pai desde os cinco anos. Ela também praticou kickboxing e chegou a ser campeã europeia. Tudo isso formou seu caráter, afirma a portuguesa.
“As artes marciais me ensinaram os valores que tenho hoje na minha vida, traçando planos a longo prazo, focando em meus objetivos e trabalhando todos os dias por minhas conquistas”, afirmou ela, ao Clarin. Juliana é pentacampeã portuguesa de boxe e defende as cores do Porto - mais famoso pelo futebol.
Modelo, atriz, médica... Mas sem namorado
Trabalho parece ser a palavra-chave de Juliana Píton. O boxe nunca bastou a ela, que sempre estudou, fez teatro amador, encenando peças, e aproveitou os belos traços para fazer trabalhos de modelo.
Há alguns anos, contava que uma regra de seu pai e de seu técnico a proibiam de namorar até os 21 anos, para não tirar o foco de suas atividades principais. "Tem de ser, que remédio", afirmou ela, ao jornal Público, sobre a dura regra.
Na faculdade, começou cursando criminalística, por seu gosto por psicologia e sociologia. “Criminologia é uma ciência que tem muitas subciências. Lá em casa sempre vimos esses filmes sobre polícia de investigação”, explicou ela. Depois, abandonou esse curso e hoje está em outro considerado até mais trabalhoso, a medicina.
Beleza e preconceito
Juliana Rocha tem uma metáfora curiosa para falar como encara seus muitos afazeres e seu aspecto físico... “Minha vida é como uma pizza, cada porção é importante. Tudo é feito para manter este equilíbrio. Quem nunca escutou a expressão mente sã, corpo são? A boa saúde começa nos pensamentos e sentimentos positivos.”
Mas a vida de uma pugilista ainda é complicada. No MMA, as mulheres já são bem aceitas, mas na nobre arte ainda penam para ter um espaço ao sol. O boxe feminino estreou em 2012 nas Olimpíadas. O preconceito ainda vem sendo combatido.
“Foi um primeiro passo para mostrar que o boxe é para todos. Isso abriu o horizonte mental de muita gente. Aumentou muito o número de garotas no boxe, e estamos nocauteando o preconceito. Um exemplo disso são as várias top models da Victoria’s Secret que treinam boxe para modelar o corpo”, defende Juliana. “Praticar boxe nunca fez com que me sentisse menos feminina.”
O apelido
Juliana virou Píton durante um campeonato, em 2009. Esta cobra não tem veneno, apesar das presas afiadas. Algumas viviam perto de um ginásio onde ela competiria. Apesar do apelido, ela não é muito fã do réptil.
"Tenho horror a esse tipo de animais e havia lá uma píton. Um senhor da federação de boxe me disse que eu iria ser como ela: que não era venenosa, mas que ia estrangular”. O apelido ficou, e agora ela espera mostrar suas presas afiadas em busca do ouro no Rio.