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Atualizada em 18.11.2015 21h57

Jogador da seleção foi descoberto em igreja e não entendia nada de vôlei

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

Imagine ser chamado para fazer parte de um time a partir de uma indicação de alguém que o viu sentado, assistindo a uma missa. Foi assim que Renan Buiatti, um dos nomes da seleção brasileira de vôlei que disputa a Campeonato Sul-Americano a partir desta quarta (30), foi descoberto e convidado para iniciar sua carreira no vôlei. Aos 11 anos e com 1,80 m, ele chamou a atenção da equipe do Uberlândia pela altura.

O convite para fazer parte do time veio no dia seguinte à missa, à noite, de um então desconhecido, que bateu na porta da casa da família de Renan. “Um dos atletas do time me viu na Igreja. Foi estranho. O técnico (Manuel Onorato) apareceu em casa à noite para chamar meu irmão (Tarcísio) e eu para jogar. Eu nem sabia o que era vôlei. Eu já tinha jogado dois anos futebol e também basquete, mas vôlei eu nunca tinha feito”, relembrou Renan, que passaria quatro anos na equipe de Uberlândia até se mudar para São Paulo pelo esporte que tinha sido descoberto no início da adolescência.

Em São Paulo, mesmo em meio a um time com mais estrutura como o Banespa na época, Renan continuou se destacando pela altura. Aos 14 anos, quando começou a tirar suas medidas com mais frequência, tinha 1,94 m. Mas se engana quem pensar que o tamanho intimidava seus companheiros de equipe.

“Eu era o mais novo e foi difícil de conviver com a galera. Eu era ‘respondão’. Tinha muitas pegadinhas. Chegava ao treino e minha calça estava molhada, amarrada na perna e dentro do congelador”, contou o jogador bem-humorado.

Mas o “respondão”  se destacou em quadra, onde chega a passar dos três metros em seus ataques e bloqueios e também passou por situações inusitadas mesmo convivendo com jogadores quase tão altos como ele. Cada centímetro a mais nas calças e nas camas são comemorados. “Eu calço 48 e antes era difícil achar sapato, calça. Agora melhorou. No Pan de Toronto também foi bom, principalmente por causa da cama, que tinha 2,20 m, então dava certinho. Os outros atletas até falavam que as melhores camas tinham ido para o vôlei”, contou.

Em casa, altura não é problema. Renan vem de uma família onde todos são altos e a esposa, Ester, também não fica para trás, tem 1,80 m e é ex-atleta de handebol. Hoje, ela vive com ele na Europa, onde o jogador defende o Monza, time da Itália.

Seleção brasileira e Olimpíada

Hoje, aos 25, os 2,17 m rendem a ele o título de atleta mais alto da história da seleção brasileira. Dentro de quadra comandado por Rubinho, a última conquista foi a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, quando chamou a atenção. Agora, ele espera a chance para defender do Brasil na Rio-2016. 

O jogador vai ter oportunidade de mostrar para Bernardinho que pode defender o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016. Os principais nomes da equipe que concorrem pela vaga são Wallace, Leandro Vissotto e Evandro, os dois primeiros não disputarão a Copa Sul-Americana a partir desta quarta (30). 

“Tudo pode mudar em um ano. Um aninho dá para fazer muita coisa. Espero fazer um bom campeonato na Itália também. Para sair em outra convocação temos que mostrar para ele (Bernardo) e vamos jogar bem durante a temporada. Todos estarão de olho”, disse Renan.

A relação com o técnico Bernardinho é boa e Renan ressalta que a fama de bravo é só quando o jogo é para valer. “O Bernardo é louco só em jogo. Em treino diário, ele é muito tranquilo. De gritar não tem nada disso. Ele guarda para hora do jogo”, comentou. Renan foi convocado pela primeira vez para a equipe de Bernardinho em 2007. 

A seleção brasileira de vôlei estreou nesta quarta-feira (30), no Campeonato Sul-Americano, contra o Peru e venceu por 3 sets a 0. . 

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