Atraso compromete entrega da primeira arena do Parque Olímpico da Rio-2016
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou repetidas vezes que iria entregar todas as obras da Olimpíada “no prazo e no custo combinados”. A promessa, porém, não será cumprida. A conclusão da primeira das seis arenas em construção no Parque Olímpico da cidade já desrespeitará seu cronograma.
Essa arena é Centro Olímpico de Tênis. A obra do espaço deveria estar pronta até o final do mês. A prefeitura, entretanto, já sabe que isso não acontecerá. Um novo prazo para a entrega da obra ainda não foi definido.
Questionada na quarta-feira (9), a administração municipal informou na sexta (11) que não comentará o andamento da construção. Problemas na obra do Centro de Tênis têm sido apontados há meses. Confira alguns deles:
Falha no projeto
O Centro de Tênis foi a primeira obra esportiva do Parque Olímpico a ser iniciada, ainda em outubro de 2013. Sua execução começou baseada num projeto problemático comprado pela prefeitura por R$ 9 milhões.
O método da construção precisou ser revisto depois do início da obra. Mudanças elevaram o custo do centro de R$ 175 milhões para R$ 201 milhões --isso sem contar os reajustes pela inflação.
Atraso acumulado
As alterações no projeto do Centro Tênis foram formalizadas em fevereiro deste ano. Nessa época, a obra já apresentava um atraso “crítico”, segundo auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União).
De acordo com o tribunal, no fim de 2014, a construção do Centro de Tênis estava 49% concluída. Ela, porém, deveria estar 62% pronta.
Obra interditada
Em abril, a obra do Centro de Tênis ainda foi parcialmente interditada pelo Ministério do Trabalho. Fiscais do órgão federal constataram “risco grave e iminente à integridade física dos trabalhadores".
Durante dez dias, o trabalho na arena principal do Centro Olímpico de Tênis ficou comprometido. A prefeitura informou no dia da interdição que o prazo de conclusão da obra não seria afetado.
Pendências evidentes
Apesar do discurso, fato é que a obra atrasou. De acordo com a Matriz de Responsabilidade da Olimpíada, documento que lista as obras essenciais para realização dos Jogos de 2016, o centro de tênis deveria estar pronto ainda no terceiro trimestre deste ano, ou seja, em 19 dias.
Hoje, porém, ainda há muito trabalho a fazer no local. A cobertura da arena principal do Centro de Tênis não está pronta; nenhuma das 10 mil cadeiras que precisam ser instaladas no espaço foi posta no lugar; sequer o piso das quadras está apto para receber uma partida de tênis.
O último balanço do andamento da construção foi divulgado há 20 dias. Na ocasião, a obra do centro esportivo estava 72% concluída.
E o evento-teste?
Levando em conta o prazo inicial de entrega da obra do Centro de Tênis, o Comitê Organizador da Rio-2016 marcou para dezembro o evento-teste da modalidade. Entre os dias 10 e 12, nove das 16 quadras do espaço devem ser usadas no Brasil Masters Cup, torneio promovido pela CBT (Confederação Brasileira de Tênis).
Procurados, o Comitê Rio-2016 e a CBT confirmaram o torneio. A prefeitura do Rio ainda não anunciou quando as quadras estarão prontas para a competição.
Assunto proibido
Além da prefeitura, o UOL Esporte questionou na quarta-feira (9) a APO (Autoridade Pública Olímpica) sobre o andamento da obra do Centro Olímpico de Tênis. Na sexta (11), o órgão informou que não iria se pronunciar. A APO é quem, teoricamente, deveria acompanhar a execução de todas as obras olímpicas e garantir sua entrega dentro dos prazos estabelecidos.
Já o Ministério do Esporte é quem financia a obra do Centro de Tênis. O órgão também foi procurado na quarta. Ainda não respondeu.
Foram procuradas ainda as construtoras do centro: Ibeg, Tangram e Damiani. Nenhuma delas respondeu à reportagem.