Mundial prova que Brasil é um time de uma mulher só no atletismo
Bruno DoroDo UOL, em São Paulo
Fabiana Murer. É nos ombros da saltadora que todas as esperanças de medalha na pista de atletismo do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro estarão depositados. Não é o fim do mundo. Afinal, a atleta de 34 anos tem dois títulos mundiais (um deles indoor), é a atual vice-campeã do mundo e se manteve entre as melhores do mundo nos últimos dez anos. Ela é favorita ao pódio em 2016.
O Mundial de Pequim, que terminou neste domingo no estádio Ninho do Pássaro, porém, não trouxe muitas notícias boas para o país além dela. A exceção fica por conta da marcha atlética. Na prova dos 20km, Caio Bonfim e Érica de Sena conquistaram um sexto lugar cada. Foi um desempenho muito bom para a prova, naturalmente difícil e disputada com muito calor. Mesmo assim, Caio fez seu melhor tempo do ano e Érica fechou a sua prova a apenas nove segundos do recorde de sua carreira. Dependendo das condições de sua prova no Rio, podem surpreender.
O mesmo pode acontecer no salto com vara. Se os brasileiros conseguirem fazer como Murer e saltarem, no Engenhão, em alto nível. Em Pequim, não foi assim. Augusto Dutra foi o nono no salto com vara masculino. Fez só 5,65m, 16 centímetros a menos que seu melhor salto de 2015. Se tivesse repetido os 5,81m, teria saído com a medalha de bronze. Foi melhor que a verdadeira aposta brasileira na prova. Thiago Bráz chegou à China com o quarto melhor salto do ano (5,92m), mas parou nas eliminatórias. Passou apenas dos 5,65m (Augusto passou dos 5,70m na eliminatória). A outra finalista foi Keila Costa, no salto triplo. Ficou em 12º lugar entre as 12 classificadas, mas suas melhores marcas estão longe do necessário para o pódio.
Além deles, Rosângela Santos, nos 100m e nos 200m, e João Vitor de Oliveira, nos 110m com barreiras, passaram da primeira eliminatória, mas pararam nas semifinais, mesmo perto de seus limites. A primeira ficou a três centésimos de sua melhor marca da carreira nos 100m e a um décimo nos 200m. João Vítor, que vendeu o carro para treinar nos EUA e fez vaquinha para conseguir o índice para o Mundial, fez o melhor resultado de sua vida na semifinal e ainda assim não se classificou.
Hederson Estefani e Hugo de Souza ainda fizeram o melhor da temporada nas eliminatórias dos 400m e não passaram. O mesmo aconteceu com Núbia Soares no salto triplo. Os outros atletas pararam em suas eliminatórias e, no Ninho do Pássaro, não conseguiram melhorar seus resultados da temporada.