Bolt ignora rivais e chega ao tetracampeonato mundial nos 200m

Do UOL, em São Paulo

Usain Bolt avisou que os 200m eram a sua prova favorita. Por isso, quando ele cruzou a linha de chegada no Ninho do Pássaro com os dois polegares apontando para o próprio peito, em comemoração, ninguém se espantou, O jamaicano não deu chance nenhuma para seus rivais no Mundial de Pequim. Correu a distância em 19s55, o melhor tempo do ano. O segundo colocado foi Justin Gatlin com 19s74 (e antigo dono do tempo nº 1 do mundo, 19s57). O terceiro foi o sul-africano Anaso Jobodwana, com 19s87.

O ouro em Pequim é o quarto do jamaicano em Mundiais na distância. Nunca um atleta dominou os 200m assim. Ele é o melhor do planeta na prova desde 2009, quando o torneio foi disputado em Berlim, na Alemanha. E ainda tem uma medalha de prata, de 2007, em Osaka, feito obtido antes de se tornar o monstro das provas de velocidade que virou nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.

"Eu estou feliz, só isso. Eu disse para vocês [repórteres no Ninho do Pássaro] que eu faria isso. Nunca duvidei. Eu estava focado o tempo todo, mas sabia que não estava em forma para bater o recorde mundial. Quando chega a hora dos 200m, sou uma pessoa diferente. Eu só fui vencido uma vez", disse o atleta. "São quatro ouros nos 200m, é um feito muito grande. É um presente para o meu país".

Enquanto comemorava, porém, Bolt caiu pela primeira vez em Pequim. Literalmente: um cinegrafista em um biciclo perdeu o controle e o atropelou. O atleta não se machucou. Veja a cena:

"Eles tentaram me matar, não sei o que aconteceu", disse Bolt, com bom humor, completando em seguida que "acidentes acontecem". Mais tarde, na coletiva de imprensa, ele ainda brincou com Justin Gatlin, seu maior rival atualmente, que ficou com a prata. "O boato que está começando agora é que o Gatlin pagou ele", disse o jamaicano, também em tom de brincadeira, segundo a NBC. 

Piadas à parte, Bolt já acumula 12 medalhas em campeonatos mundiais, dez delas de ouro. São três nos 100m, quatro nos 200m e mais três nos 4x100m – ele ainda foi vice-campeão mundial com o time jamaicano em 2007. Ele pode aumentar esse número ainda neste Mundial, já que ele deve correr o revezamento 4x100m: "Teremos uma reunião para definir, mas temos tudo para conquistar mais um ouro. No Mundial de Revezamentos (disputado no início do ano, em que a Jamaica foi prata), os EUA venceram com uma prova genial do Gatlin, mas acho que ele estará mais cansado agora".

O próprio Gatlin admitiu cansaço após a prata. "Sou o cara mais velho na pista (aos 33 anos) e sigo correndo. Correndo muito bem. É sensacional poder enfrentar esse cara aqui (Bolt)", disse o norte-americano. "Eu sabia que Bolt sairia forte da curva e, quando olhei para o lado e o vi, sabia que seria uma prova disputada até o final. Quando eu fiz meu melhor tempo (os 19s57), eu tinha feito apenas duas eliminatórias de 200m antes. Aqui, eu tinha três provas de 100m e ainda os dois 200m. Pensando nisso, os 19s74 são ótimos".

EUA ganham primeiro ouro na pista, com Alysson Felix

Alysson Felix é, agora, nove vezes campeã mundial. Maior estrela da delegação dos EUA na China, ela conquistou o ouro na prova dos 400m. Campeã olímpica dos 200m, foi sua primeira vitória na prova mais longa. O resultado é importante, também, para o time norte-americano, que vem fazendo um Mundial ruim: é a primeira medalha de ouro em provas de pista do país (os outros dois foram no arremesso de peso, com Joe Kovacs, e no salto em distância, com Christina Taylor).

Polonesa quebra o primeiro recorde em Pequim

A polonesa Anita Wlodarczyk é a primeira atleta no Ninho do Pássaro a deixar Pequim 100 mil dólares mais rica. Nesta quinta-feira, ela quebrou o recorde do Campeonato Mundial no lançamento de martelo, marca que era de Tatyana Beloborodova (que aposentou o sobrenome Lysenko), de 78,80m. Anita superou a marca duas vezes, com 80,27m e 80,85m. Ela já tinha, nesta temporada, quebrado o recorde mundial, com 81,08m.

Recorde do salto triplo segue. Mas foi por pouco

O cubano Pedro Pichardo e o norte-americano Christian Taylor chegaram ao Mundial de Pequim em busca de um número: 18,29m, o recorde mundial do britânico Jonathan Edwards, que completou 20 anos em 2015. A marca continua sendo a melhor da história, mas Taylor conquistou o ouro nesta quinta-feira com algo muito próximo: ele fez 18,21m, o segundo melhor salto de todos os tempos. A prata ficou com Pichardo, com 17,73m, número também expressivo.

Maior nome do salto em distância para na eliminatória

A norte-americana Brittney Reese é o maior nome do salto em distância dos últimos dez anos. Segundo a Iaaf (a Federação Internacional de Atletismo), ela foi à final de todos os grandes eventos que disputou desde 2005. Mais do que isso: venceu os últimos sete eventos do tipo que disputou, com três títulos mundiais em céu aberto, dois mundiais indoor, uma Final Mundial e um ouro olímpico, em 2012. Em Pequim, porém, ela ficou longe da classificação para a final. Com apenas 6,39m, ficou em 24º lugar.

Michelle Jenneke e sua dancinha estreiam em Pequim

Michelle Jenneke ficou famosa em todo mundo quando sua dancinha pré-100m com barreiras viralizou pelas redes sociais. Virou modelo, garota-propaganda de marcas esportivas e posou com pouca roupa. Mas ainda é atleta. Na madrugada de quarta para quinta-feira (27), ela disputou as eliminatórias do Mundial de Pequim – se classificou em 17º lugar. E, sim, dançou quando foi apresentada.

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