! Treinar pelo Youtube levou atleta queniano ao ouro no atletismo - 26/08/2015 - UOL Olimpíadas

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Treinar pelo Youtube levou atleta queniano ao ouro no atletismo

Do UOL, em São Paulo

O Mundial de Atletismo de Pequim está cheio de histórias de superação. Mas nenhuma é tão inusitada quanto a do novo campeão mundial do lançamento de dardo, Julius Yego. Nascido em um país em que o atletismo se resume às provas de corrida, o Quênia, teve de improvisar para praticar a prova que escolheu.

Sem técnicos especialistas no dardo por lá, ele recorreu ao Youtube para apreender as técnicas do lançamento. No Mundial de 2013, já tinha ficado em quarto lugar. Nesta quarta-feira, foi ainda melhor. Jna final da prova no Ninho do Pássaro, Yego atingiu os 92,72m. É o oitavo melhor lançamento da história. E a marca mais expressiva desde 2001, quando o recordista mundial (98,48m) da República Tcheca, Jan Zelezny marcou 92,80m.

“Eu estou tão feliz, não consigo nem dizer o quanto. Ser um campeão mundial do Quênia é inacreditável”, disse o atleta, primeiro campeão mundial do Quênia em uma prova de campo. Neste ano, ele mudou um pouco a estratégia de treinamentos. Ainda treina usando vídeos do Youtube, mas, para o Mundial, passou a treinar com um técnico de verdade, para ajudar a interpretar as orientações eletrônicas.

Joseph Koech Mosonik é técnico de provas de salto em distância e salto com vara, além de eventos de campo. “É bom trabalhar com alguém. Ajuda a melhorar em muitos aspectos. Mosonik me ajudou bastante e espero que essa parceria dure”, disse Yego ao site Business Daily Africa.

Quem viu o lançamento da vitória comprovou a evolução. Os 92,72m foram alcançados com um mergulho para frente. Segundo o comentarista do SporTV, Lauter Nogueira, técnica usada com sucesso pelos lançadores finlandeses.

Velocista treinado por vovó é campeão mundial

Na prova dos 400m, os norte-americanos ficaram sem o ouro. A prova, dominada pelo país, foi vencida por um sul-africano com um detalhe interessante: Wayde van Niekerk, da África do Sul, é treinado por Anna Botha, uma namibiense de 74 anos, uma ex-atleta que se tornou treinadora para preparar os filhos. E já é avó.

A performance do “atleta da vovó” foi impressionante: o tempo de 43s48 foi um dos melhores da história. E o torneou o quarto homem mais rápido de todos os tempos na distância. Ao chegar, porém, desmaiou e teve de ser atendido pela equipe médica no Ninho do Pássaro.

Bolt x Gatlin: segundo round na final dos 200m

Usain Bolt e Justin Gatlin, protagonistas do duelo mais animado do Mundial de atletismo, terão um segundo round. Nesta quarta, os dois passaram sem problemas para a final dos 200m. O melhor tempo até agora é de Gatlin. Número 1 do mundo em 2015 com 19s57, o norte-americano anotou 19s87, com direito a um respiro no fim. Bolt, apenas o sétimo da temporada, com 19s95, fez a prova com mais calma, mesmo tendo ao seu lado o turco Ramil Gulyiev, líder das eliminatórias. Com direito a um passeio no fim, ele terminou com 19s96, mostrando que pode repetir a vitória na disputa com Gatlin, mesmo sem ter corrido os 200 m com frequência nos últimos meses. 

"Todo mundo sabia que esse duelo iria acontecer de novo. É o que todos querem ver. E eu estou muito melhor. Os 200m é a minha prova, significa muito. E sou um corredor muito mais técnico nos 200m e, na semifinal, consegui me poupar. Estou ansioso (pela final)", disse o recordista mundial.

Mundial de atletismo tem seus primeiros casos de doping

O Mundial de Pequim tem seus dois primeiros casos de doping confirmados pela Iaaf (Federação Internacional de Atletismo). Na manhã desta quarta-feira, a entidade anunciou que duas quenianas da prova dos 400m foram flagrados em testes durante a competição no Ninho do Pássaro.

Segundo a rede de TV britânica BBC, as corredoras flagradas são Koki Manunga, de 21 anos, e Joyce Zakary, de 29. Elas foram testadas no hotel dos atletas, nos dias 20 e 21 de agosto. Apenas Zakary competiu no Mundial até agora: ela quebrou o recorde queniano da prova na bateria das eliminatórias, com 50s71 – o melhor tempo do dia foi Stephanie Ann McPherson, da Jamaica, com 50s34.

Bicampeã olímpica e mundial dos 200m erra raia

Veronica Campbell-Brown, bicampeã olímpica e campeã mundial dos 200m, cometeu um erro incrível em sua bateria em Pequim. Na saída da curva, ela invadiu a raia ao lado, onde estava a britânica Margaret Adeoye. Ela, porém, não foi desclassificada, já que a invasão foi na raia externa, que a fez correr uma distância maior, e ela não prejudicou as rivais. Rosângela Santos foi a única brasileira a se classificar, após terminar sua bateria na segunda colocação.

Norte-americano dá show ao ser eliminado

Na segunda bateria dos 110m com barreira, o norte-americano Ronnie Ash queimou a largada e foi desclassificado automaticamente. Revoltado com a decisão dos rivais, ele ficou por vários minutos na pista, discutindo com os árbitros e se recusando a aceitar a decisão. Quando, finalmente, deixou a área de competição, o estrago já tinha sido feito: na largada seguinte, mais um atleta foi desclassificado, o tcheco Petr Svoboda.

"É complicado manter a concentração após tantos problemas. Ainda mais em uma prova que é tão rápida. Mas eu tentei ignorar o que acontecia", falou o francês Pascal Lagarde, que se classificou na bateria.

Mundial tem dia de tropeços na pista

Tropeçar em provas mais longas é comum no atletismo. Mas no quinto dia do Mundial, até os favoritos sofreram. Campeão olímpico e mundial dos 10000m, o britânico Mo Farah disputou sua eliminatória dos 5000m e quase se deu mal: ao tentar uma ultrapassagem, ele foi tocado pelo atleta que estava atrás e quase foi ao chão. Conseguiu evitar a queda e se classificou para a final. "Alguém acertou o meu pé e quase nao consegui me segurar", admitiu o corredor. "Nos 10 mil já tinha acontecido isso".

Quem não teve a mesma sorte foi Alysia Montano, finalista dos dois últimos Mundiais. A norte-americana tentou uma ultrapassagem por dentro em sua bateria dos 800m, pisou fora da pista e foi ao chão. Os EUA ainda protestaram, alegando que as rivais teriam fechado Alysia, mas os apelos não foram aceitos.

 

Atleta que teve de provar que era mulher volta à pista

Caster Semenya é campeã mundial e medalhista olímpica, mas não é lembrada por suas conquistas. Ela ficou famosa por ter sido a atleta que teve de provar que era mulher, após vencer o Mundial de 2009 com dois segundos de vantagem sobre a rival. Ficou 11 meses sem competir, quando a Iaaf criou uma regra específica para sua condição. Desde 2010, atletas com hiperandroginismo (excesso de produção de androgênio, o hormônio masculino) devem ter níveis de androgênio menores do que a média registrada em homens – o nível do hormônio em homens é cinco vezes maior.

Após competir em Londres-2012 (e ganhar a medalha de prata), seu rendimento caiu. Em 2013, ela nem mesmo se classificou para o Mundial da Rússia. Trocou de treinador, trocou de cidade e, aos poucos, volta a se destacar. No Ninho do Pássaro, passou para a semifinal dos 800m, com o terceiro melhor tempo do dia, 1min59s59.

Brasileiro faz vaquinha para ir ao Mundial

O Brasil tinha três atletas nas eliminatórias dos 110m com barreiras, mas só um se classificou para as semifinais. João Vitor de Oliveira marcou 13s57 e fez o 22º tempo – os 24 primeiros se classificaram. Jonathan Mendes (31º) e Éder Souza (34º) foram eliminados. A história do classificado é das mais interessantes. Para treinar com o duas vezes medalhista em Campeonato Mundiais, Zequinha Barbosa, nos EUA, João Vitor vendeu o carro e mudou para Miami. No começo do ano, percebeu que precisaria viajar para a Europa para conseguir índice para o Mundial de Pequim. Foi então que seus amigos fizeram uma vaquinha, que valeu a viagem. Ele voltou com o índice e, agora, retribuiu a aposta com a vaga na semi.

"Decidi morar nos Estados Unidos para ficar mais perto do meu treinador. Vendi o carro e o que tinha e fui. Estou aqui no Mundial com todos os custos pagos pela CBAt (passagens, hospedagem, alimentação, uniformes), mas, antes, quando estava nos EUA, e vi que lá não havia uma competição forte para buscar o índice, um grupo de amigos bancou minha ida à Europa", explicou.

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