Melhor lutadora do Brasil sofre sem poder levar marido para Mundial

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

  • Flavio Perez/Onboard Sports

    Aline Silva em um treino com o marido Flávio Ramos

    Aline Silva em um treino com o marido Flávio Ramos

Única mulher brasileira com uma medalha em um Mundial na Luta Olímpica - prata no Uzbequistão em 2013 na categoria até 75kg - e medalhista de bonze no Pan de Toronto (CAN) na mesma categoria, Aline Silva terá de ir em busca da vaga olímpica em 2016 sem ter ao seu lado o seu maior companheiro: o marido Flávio Ramos.

No Mundial de Las Vegas (EUA) - que começa no próximo dia 7 e classificará os seis primeiros de cada categoria para os Jogos do Rio -  ela não sentirá falta do carinho e das conversas com o companheiro. O que fará mesmo falta para a atleta serão os empurrões, jogadas no chão e agarrões. Flávio não é apenas marido, mas também o sparring de Aline.

E o motivo para isso é simples. Não existe no Brasil nenhuma outra mulher que atue na categoria na Aline. Porém, nem isso faz com que a Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) permita a viagem de Flávio Aos Estados Unidos. A atleta já havia reclamado deste problema antes de disputar o Pan e voltou a fazê-lo.

"Esta é uma batalha grande a ser vencida. Já conversei várias vezes com a Confederação mas não chegamos a um acordo. Enfrento o problema pelo fato de meu treinador ser também o meu marido. Não entendem que mantemos uma relação de muito profissionalismo quando estamos ali. Mais uma vez vou ter de me virar. Não tenho com quem treinar e com quem aquecer", afirmou Aline.

"Algumas vezes, o Pedro (Garcia, técnico da seleção) tenta me ajudar, quando aguenta ou pode, mesmo porque ele precisa dar atenção a outras meninas", completou.

"Claro que se tivesse outra pessoa que pudesse treinar comigo, ele (Flávio) não teria chegado à situação extrema de largar o emprego dele para ir treinar comigo. Por sorte o Sesi-SP (clube da atleta) comprou a ideia e paga o salário dele", disse Aline.

Mesmo no Mundial do ano passado quando Aline levou a prata, o marido não a acompanhou no Uzbequistão. Eles chegaram a estudar a possibilidade de Flávio viajar aos Estados Unidos, mas os gastos seriam elevados. Os dois treinarão juntos no Brasil até o dia 4 de setembro, data da viagem. Em solo americano, restará a Aline achar alternativas.

"Apesar disso, espero fazer um bom Mundial e garantir esta vaga. Tudo agora é pensando em 2016", disse.

Após a publicação da reportagem, a CBLA se pronunciou e afirmou: "A Confederação Brasileira de Wrestling permite que os atletas treinem com seus sparrings durante os períodos de treinamentos realizados no Brasil, inclusive em períodos de convocação para treinamento nacional. Por outro lado, entendemos que nos períodos de intercâmbios internacionais é importante que os selecionáveis treinem com os atletas estrangeiros,justamente para existir essa troca de experiências proposta pelos intercâmbios, onde apenas integrantes da equipe multidiscilplinar da Confederação Brasileira de Wrestling integram as delegações. No caso específico da atleta Aline Silva,vale ressaltar que seu sparring e marido Flávio Ramos não exerce nenhuma função de treinador, atleta, preparador físico ou outra função na equipe multidisciplinar da Confederação Brasileira de Wrestling".

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