No segundo round de Bolt x Gatlin, quem brilha é um corredor da Turquia
Ramil Guliyev não chega a ser um desconhecido no mundo do atletismo. Já foi vice-campeão mundial de menores e finalista do Mundial de 2009, em Berlim. Mas ninguém esperava vê-lo superar as duas maiores estrelas do Ninho do Pássaro, nesta terça-feira.
Com o tempo de 20s01, o atleta do Azerbaijão que se naturalizou turco foi o primeiro colocado nas eliminatórias dos 200m, no segundo round da disputa entre Usain Bolt e Justin Gatlin. "Ainda posso ser mais rápido. Nos últimos dois dias, fiquei doente e ainda estou em recuperação", disse Guliyev, que correu a prova dos 200m mais rápida de sua carreira.
Enquanto isso, Bolt e Gatlin venceram as suas baterias, mas não fizeram tempos notáveis. O jamaicano fechou a sua em 20s28, apenas o 13º tempo entre os 24 classificados. Correu tão tranquilo que quase não fez força nos últimos 100 metros, quase sendo ultrapassado pelo segundo colocado, o cubano Roberto Skyers. O norte-americano foi um pouco melhor: fez 20s19, sétimo tempo.
Após a batalha épica pelo ouro nos 100m, a disputa pelos 200m deve ser tão dura quanto. Bolt é o recordista mundial e atual bicampeão olímpico e tricampeão mundial da prova. Mas Gatlin chegou em Pequim com o melhor tempo do ano na distância, 19s57, da seletiva americana – é o melhor tempo de sua carreira. A semifinal está marcada para quarta-feira às 9h30 (de Brasília).
Polonês paga táxi com medalha
Quando o polonês Pawel Fajdek subiu ao pódio, o comentarista do SporTV, Lauter Nogueira, disse que ele parecia um professor de física. Gordinho, barbudo e de óculos, sorrindo sempre, ele tinha aquele ar bonachão de quem é a alegria de qualquer festa. Com ênfase na palavra festa. Em Pequim, ele protagonizou a história mais inusitada do Mundial de Atletismo: após vencer o lançamento do martelo com 80,88m, foi para a balada. Na volta, após beber demais, descobriu que estava sem dinheiro e pagou a corrida com a medalha de ouro. No dia seguinte, ao acordar, chamou a polícia para recuperar a medalha. Eles encontraram o taxista e recuperaram o ouro. Segundo o motorista, a transação foi uma sugestão do próprio atleta.
Quênia lidera Mundial e já assusta nas provas mais rápidas
O Quênia é uma potência no atletismo. É um bicho-papão nas provas mais longas, graças à altitude do Vale do Rift, no oeste do país, celeiro de corredores que fica a 2700 metros acima do nível do mar. Além disso, virar corredor por lá representa o mesmo que ser jogador de futebol no Brasil: a chance mais glamourosa de deixar para trás a pobreza de um país subdesenvolvido.
No Mundial de Pequim, porém, o sucesso queniano está ficando cada vez mais rápido. Nos 400m com barreira, os africanos conquistaram a primeira medalha da história, com Nicholas Bett. Os EUA, grande potência da prova, não colocaram nenhum representante no pódio, que teve ainda Denis Kudryavtsev, da Rússia, e Jeffery Gibson, das Bahamas.
Somando o ouro dos 800m do campeão olímpico e, agora, bicampeão mundial David Rudisha, o Quênia acumula quatro ouros e nove medalhas em Pequim. A Grã-Bretanha ocupa a segunda posição, com três ouros (e quatro medalhas). Os EUA, até agora, só venceram uma prova, o arremesso do peso, com Joe Kovacs.
Bósnia ganha sua primeira medalha em Mundiais
Amel Tuka chegou ao Ninho do Pássaro como um dos homens que poderiam evitar o domínio do queniano David Rudish no 800m. Não conseguiu ser mais rápido que o rival, agora bicampeão da prova, mas quando Tuka cruzou a linha em terceiro lugar, tinha obtido um feito histórico: seu bronze é a primeira medalha da história da Bósnia em Campeonatos Mundiais de atletismo.
Velocistas brasileiros ficam na eliminatória dos 200m
Bruno Lins e Aldemir Júnior foram os únicos brasileiros na pista nesta terça-feira, mas não foram bem. Com 24 classificados, Bruno ficou em 26º, com 20s42. Aldemir foi o último em sua bateria em 36º no geral, com 20s59. Os dois voltam a competir na noite de sexta-feira, no revezamento 4x100m.