Dois adolescentes, e não Gatlin, são os maiores perigos para Bolt em 2016
A vitória de Usain Bolt na final dos 100m rasos do Mundial de Pequim foi a menor da história durante o domínio do jamaicano nas provas mais rápidas do atletismo. O segundo colocado foi Justin Gatlin. Mas, com 33 anos, o veterano norte-americano n;ao é exatamente o grande perigo para Bolt até as Olimpíadas do Rio de Janeiro, no ao que vem. Esse posto pertence a dois adolescentes: Trayvon Bromell e Andre de Grasse, que dividiram o bronze na China.
Não que Gatlin seja descartável. Não é. Mas ele era o grande favorito ao título no Ninho do Pássaro, estava na frente na corrida decisiva e, quando sentiu o recordista mundial ganhando velocidade ao seu lado, errou. Ele já tinha sido derrotado na final do Mundial de 2011, na Rússia, em que ficou com a prata, e na Olimpíada de Londres, em 2012, quando ficou com o bronze – atrás também de Yohan Blake.
Com Bromell e De Grasse a história é diferente. Os dois fazem parte de uma geração que cresceu assistindo ao jamaicano de 29 anos dominar o esporte no planeta. São atletas que conhecem os pontos fortes e fracos da superestrela. E que, aparentemente, não tem medo de desafiá-lo.
Resultados para isso ambos têm. Bromell é, hoje, o adolescente mais rápido da história. Aos 19 anos, ele marcou 9s84 em uma das eliminatórias da seletiva dos EUA para Pequim. Para entender o que significa esse tempo, os cinco nomes mais famosos das provas de velocidade hoje estavam longe da marca antes dos 20 anos.
A marca de Usain Bolt com essa idade era 10s03. A de Justin Gatlin, 10s08. Asafa Powell (10s12) e Tyson Gay (10s27) também estavam atrás. O único a quebrar a barreira dos 10 segundos entre os nomes antes dos 20 é Yohan Blake, campeão do mundo em 2011. Ele marcou 9s89 em 2010, meses antes de chegar aos 20 anos.
De Grasse (campeão dos 100m e dos 200m no Pan de Toronto em julho) não fica muito longe. Com assistência do vento, ele marcou 9s75 na final do campeonato norte-americano deste ano – no qual bateu Bromell. Até hoje, só cinco atletas correram mais rápido em toda a história. Em tempos válidos, sua melhor marca até o Mundial era 9s95. Na final, contra Bolt e Gatlin, fez 9s92.
Esses tempos o tornaram o atleta nascido no Canadá mais rápido de todos os tempos – e o terceiro na lista do país. Só os campeões olímpicos Donovan Bailey, nascido na Jamaica, e Bruny Surin, no Haiti, ambos com 9s84, superam o garoto de 20 anos. Além disso, ele é o primeiro atleta do país desde a geração que conquistou o ouro do revezamento 4x100m de 1996 a correr a distância abaixo dos 100m rasos.
Para que a dupla desafie Bolt, porém, ainda existe uma distância. Fisicamente, existe caminho para evolução: nenhum dos dois é musculoso como Bolt, Gatlin ou Powell. Aos 20 anos e ainda universitários, ainda não entraram nos rigorosos programas de musculação que acompanham a carreira dos astros das provas de velocidade - e, nelas, músculos costumam acompanhar tempos mais baixos.
Além disso, ambos são baixinhos se comparados com Bolt (1,96m) ou Gatlin (1,85n): Bromell tem 1,75m e De Grasse, 1,76. Mas nada que assuste. “Eu já corri com gente com o dobro da minha altura e venci. Não me intimido”, avisou Bromell.