Vídeos

Maratona tem um campeão de 19 anos. Que prefere comemorar descalço

Do UOL, em São Paulo

Dizem os livros que ensinam atletismo que maratonista bom é maratonista velho. Mas no Mundial de Pequim, que começou na noite de sexta-feira, essa máxima não valeu muita coisa. Dos três medalhistas, dois nasceram na década de 90. E o corredor que levou a medalha de ouro, Ghirmay Ghebreslassie, da Eritreia, se tornou o mais novo campeão mundial da história em provas de rua.

Ele venceu nas ruas de Pequim com apenas 19 anos. Mais: era apenas sua terceira vez percorrendo a distância. Ao seu lado no pódio chegaram o etíope Yemane Tsegay, de 30 anos, medalhista de prata, e o ugandense Munyo Solomon Mutay, o outro jovem, de 23 anos, medalhista de bronze.

Nenhum deles era favorito ao pódio, mas o calor na capital chinesa ajudou a acabar com os favoritos. O ritmo da corrida foi lento graças à sensação térmica de 30º C duranta os 42 quilômetros. E nomes famosos como o recordista mundial queniano Dennis Kimeto (2h02min57) ou o ex-dono da marca, o também queniano Wilson Kipsang (2min03s23), foram ficando pelo caminho. O mesmo aconteceu com o campeão mundial de 2013, Stephen Kiprotich, de Uganda, e com o bicampeão da maratona de Boston (e prata em 2013), Lelisa Desisa.

Ao comemora eu título, Ghebreslassie fez algumas pessoas lembrarem de um dos maratonistas mais famosos da história, Abebe Bikila, o etíope que venceu a maratona olímpica de Roma, em 1960, correndo descalço: ele passou pela tribuna de imprensa, do pódio até a entrevista que todos os atletas são obrigados a dar, sem tênis. Foi flagrado por Sara Germano, repórter do Wall Street Journal, que está em Pequim para o Mundial:

O único brasileiro a completar foi Solonei Rocha da Silva. Sexto colocado no Mundial de 2013, em Moscou. Desta vez, foi só o 18º. “Meu corpo não respondeu como imaginava ao calor. Mas não tem receita mágica para a maratona. Olha o tempo dos vencedores. São caras que fazem 2h05min e foram quase sete minutos mais lentos. Não foi difícil só para mim. Foi difícil para todo mundo”, disse o ex-catador de lixo, em entrevista ao SporTV.

Estreia do mundial tem tombos e até corredor levando volta

O Mundial de Pequim é o maior da história do atletismo. São 1936 atletas competindo em nove dias de provas no Ninho do Pássaro. E, como muita gente foi convidado para chegar a esse número, performances que estão longe da elite tinham de acontecer. O primeiro dia foi reservado para isso...

Nas eliminatórias dos 100m rasos, o posto de pior do Mundial ficou com Tashi Dendup, do Butão: ele completou a prova mais rápida do atletismo em 12s15. Como comparação, o recorde de Usain Bolt na mesma distância é de 9s58.

A performance de Dendup, porém, não foi a pior do dia: Sapolai Yao, de Papua Nova Guiné, disputou a segunda eliminatória dos 3000 com obstáculos e cruzou a linha de chegada uma volta atrás de quase todos os rivais. Ele marcou 9min51s09, quase um minuto e meio a mais do que o vencedor Jairus Birech, do Quênia.

Yao, aliás, é um corredor engraçado: com apenas 1,52m de altura, ele precisa de muito esforço para passar os obstáculos de 93cm da prova. Em uma delas, durante os Jogos da Comunidade Britânica de 2010, ele usou um vaso de plantas para ajudar a pular a barreira. Para quem não acredita, olhe o tweet de um jornalista canadense lembrando do fato:

Ele, porém, não foi o único que passou vergonha: no heptatlo, a norte-americana Barbara Nwaba trombou com as duas primeiras barreiras na prova dos 100m com obstáculos e não terminou a prova. Não foi a única que zerou na prova, mas Marthe Koala, de Burkina Faso, se machucou e não voltou a competir.

Além de Solonei, o Brasil teve mais seis atletas competindo na madrugada de sexta para sábado. Edmilson Santana e Gilberto Lopes não completaram a maratona. Geisa Arcanjo teve a melhor performance do dia, com o 15º lugar no arremesso de peso – Keely Medeiros foi a 24ª na mesma prova. Vanessa Spinola é a 28ª colocada no heptatlo após duas provas (100m com barreiras e salto em altura). E Wagner Domingos, o Montanha, que treinava levantando botijões de gás, foi o 22º no martelo.

Topo