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Punidos dominam 100m e provam: Mundial de Atletismo é marcado pelo doping

Do UOL, em São Paulo

Quando o Mundial de Atletismo de Pequim começou, quem manda na modalidade sonhava que as polêmicas por doping fossem esquecidas. Nem que fosse pelos nove dias em que os atletas mais rápidos e fortes do planeta lutam por uma medalha. Fica difícil fazer isso, porém, quando a sua prova mais nobre parece ter uma ligação tão forte com o tema.

Na manhã deste sábado, o jamaicano Asafa Powell abriu as eliminatórias da prova com 9s95. Foi sua 91ª vez correndo abaixo dos 10 seg na carreira. Poderia ser mais, mas a punição do ex-recordista mundial, pego com um estimulante, o deixou um ano e meio afastado das pistas, entre 2013 e 2014.

Na segunda eliminatória, a mesma coisa aconteceu. O vencedor foi o norte-americano Tyson Gay, com 10s11, que também ficou um ano punido, ao ser flagrado nos Jogos de Londres-2012 – foi por causa dele que os EUA perderam a medalha de prata nos 4x100m. Na terceira também: quem venceu foi Femi Ogunode, nigeriano que defende o Qatar, punido por doping entre 2012 e 2014.

A primeira bateria vencida por um atleta que nunca teve problemas com doping foi a quarta, com o norte-americano Trayvon Bromell, de apenas 19 anos. O garoto é o mais jovem atleta da história dos EUA a se classificar para prova mais rápida do atletismo em um campeonato mundial. E o único do quarteto dos EUA que nunca foi suspenso: os outros são Gay, Justin Gatlin e Mike Rodgers.

As outras eliminatórias foram vencidas por Gatlin, que fez o melhor tempo do Mundial até agora, com 9s83, e Usain Bolt, com 9s96. Enquanto o recordista mundial da Jamaica nunca foi flagrado com substâncias proibidas, o norte-americano é alvo das maiores críticas do torneio: aos 33 anos, seus tempos só melhoraram após as duas punições por doping que cumpriu.

Olhar para a lista de classificados para as semifinais também mostra como a prova mais nobre do atletismo está manchada: cinco dos dez primeiros colocados nas eliminatórias já cumpriram suspensão por doping. Notícias muito ruins quando você lembra que o próprio Mundial de Pequim está sob dúvida.

No início do mês, uma TV alemã e um jornal inglês divulgaram que pelo menos um terço dos medalhistas de provas de fundo e meio-fundo em Mundiais e Olimpíadas, entre 2011 e 2012, apresentavam resultados inconsistentes em seus exames de sangue – um indicativo de doping. Além disso, 800 testes com resultados parecidos teriam sido ignorados pela Iaaf (a Federação Internacional de Altetismo) no período. Somando isso ao escândalo dos EUA, em que um dos técnicos do Projeto Oregon teria incentivado atletas a aproveitarem remédios com isenção médica para melhorar performance, a Iaaf vive um pesadelo.

Brasil faz duas finais no primeiro dia

Enquanto isso, o atletismo brasileiro também convive com seus desafios. Na noite de sábado em Pequim (manhã no Brasil), apenas dois atletas se classificaram para a final. E nenhum deles é favorito à medalha. O único que tinha esse status foi eliminado.

No salto com vara masculino, Thiago Bráz mais uma vez falhou em grandes torneios. Após zerar no Pan de Toronto, ele conseguiu apenas dois saltos válidos em Pequim. Ele sofreu para passar os 5,55m, venceu os 5,65m em sua primeira tentativa, mas errou os três saltos a 5,70m. Pouco para quem chegou à China como o quarto do mundo, com um salto de 5,92m. O Brasil, porém, estará na final: Augusto Dutra passou dos 5,70m, terminando as eliminatórias em 11º lugar. Fábio da Silva não passou dos 5,40m.

A outra finalista do país é Keila Costa, no salto triplo, 10ª com 14,03m. Núbia Soares ficou em 22º lugar.

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