Nadador retardatário em Kazan sonha com vaga em Jogos Olímpicos de Rio-2016
Guilherme CostaDo UOL, em Kazan (Rússia)
Registrado em 2009, ainda na época dos trajes tecnológicos, o recorde mundial dos 50m livre é do brasileiro Cesar Cielo, que nadou a prova em 20s91. A melhor marca de 2015 é do francês Florent Manaudou, dono de um 21s57. Nem a soma dos dois daria o tempo que Mokhoro Makara, 21, levou para cruzar a piscina em Kazan (Rússia) nesta sexta-feira (07). Dono da pior marca nas eliminatórias dos 50m livre, o lesotiano completou o percurso em 55s80. Lento, mas não o suficiente para tirar dele o sonho de estar nos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.
O tempo colocou Makara na 113ª (e última) posição entre os nadadores que participaram da eliminatória em Kazan. O líder da qualificação foi Manaudou, que completou a prova em 21s71 – Cielo, lesionado, foi cortado do Mundial e já deixou a Rússia.
“Foi incrível estar aqui. Estou muito feliz com o meu primeiro Mundial”, contou Makara. “São pessoas que me inspiram e coisas que eu quero atingir”, completou o nadador.
A natação não é um esporte muito popular no Lesoto, país africano que tem pouco mais de 2 milhões de habitantes e um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 5,1 bilhões (R$ 18,03 bilhões) – o 147º do planeta, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Há apenas uma piscina de 50 metros no Lesoto, e é lá que Makara treina. No entanto, o nadador não consegue manter uma rotina diária de atividades – o que reflete em um corpo que lembra pouco o de atletas de alto nível competitivo. “Eu estudo direito. Só treino quando dá tempo”, disse.
Por causa dos estudos, aliás, o tempo de Makara piorou bastante. “Eu costumava ser melhor quando tinha mais tempo. Minha melhor marca é 35s”.
A ideia do atleta agora é voltar ao Lesoto e retomar a rotina de estudos e treinos ocasionais. Makara disputou o Mundial de Kazan porque seu país foi convidado pela Fina (Federação internacional de esportes aquáticos), e agora a ideia é aguardar novo chamado para o Rio-2016. “Espero que sim”, disse ele, com muito mais velocidade para responder do que para percorrer a piscina.