Brasil leva a Pré-Olímpico joia de 15 anos que nunca jogou entre adultas
Izabela Nicoletti Leite tem 15 anos, mede 1,80m e nunca jogou uma competição oficial de basquete entre adultos. Mas a sua estreia entre as profissionais acontecerá em grande estilo. A partir de domingo - data de seu aniversário de 16 anos -, a jovem armadora disputará com a seleção brasileira o Pré-Olímpico de Edmonton (CAN), torneio que valerá uma vaga para a Olimpíada de 2016. A primeira partida no torneio será contra a Venezuela.
Izabela é aposta do técnico Luiz Augusto Zanon para o futuro. O foco não é tanto os Jogos do Rio. Ela já entra no radar para as Olimpíadas de 2020, 2024 e outras competições. Para se ter uma noção da precocidade, a atleta é 20 anos mais nova do que a pivô Kelly Santos - a veterana do grupo - e nem viu Paula e Hortência jogarem.
"Dentro do nosso projeto, quero ter o maior número de selecionáveis disponíveis, dar um horizonte para o trabalho. Ninguém esperava que eu fosse convocá-la, mas resolvi dar esta oportunidade. Realmente pulei um estágio, mas sinto que era necessário fazer isso", afirmou o treinador.
"Ela foi uma grata surpresa nos treinos que fizemos. Ela não tem maturidade ainda, mas tem capacidade e qualidade física, além de ser muito determinada e gostar de basquete. Tem um poderio de definição incrível", elogiou Zanon, que nunca havia trabalhado com a jovem.
Apesar da pouca idade, Izabela já tem feitos relevantes nas categorias de base. Em 2014, foi a cestinha e MVP (Jogadora Mais Valiosa) do Campeonato Sul-Americano Sub-15. Neste ano, foi a maior pontuadora da Copa América Sub-16. Neste campeonato, o Brasil ficou com o vice-campeonato ao perder para o Canadá. Mas na semifinal conseguiu um grande feito ao bater os Estados Unidos.
Em que pese o destaque nas divisões inferiores, vestir a camisa da seleção adulta tão precocemente foi uma grande surpresa para a jovem, que soube da convocação por meio de uma ligação telefônica.
"O administrador da confederação me ligou, perguntando como estava minha documentação e minha situação. Eu esperava ir como atleta convidada, mas no dia seguinte vi que estava entre as 12 que jogariam. O período de treinos foi uma experiência incrível. Sou fã de muitas atletas que estão aqui, vi elas jogarem quando eu era pequena. Jogar ao lado delas agora é algo fantástico. E estou ansiosa para a competição. O primeiro jogo será no dia do meu aniversário. Ficará para sempre marcado na minha vida", disse a jogadora ao UOL Esporte.
Com a convocação, a chance de estar na Olimpíada aumenta, mas Izabela tenta conter a euforia.
"Quando o pessoal falava em Olimpíada de 2016 eu brincava e dizia que com 16 anos seria impossível. Mas agora estou tendo esta oportunidade e quero aproveitar. Manter este sonho vivo. Se não der certo, terei muito tempo pela frente", disse.
Vida nos Estados Unidos após fim de projeto no Brasil
A convocação para a seleção adulta vem em um momento especial da vida de Izabela. Desde o começo deste ano, ela está vivendo nos Estados Unidos, onde estuda e defende as cores da Score Academy. Atualmente está cursando o segundo grau da High School (equivalente ao Ensino Médio, no Brasil). Consegue se manter graças aos sacrifícios dos pais, seus maiores incentivadores.
"Eu recebo Bolsa-Atleta e isso ajuda um pouco. Mas a maior parte do dinheiro vem mesmo dos meus pais, que precisaram abrir mão de muitas coisas", disse a jogadora.
Izabela optou pela mudança para a América do Norte após ficar sem local para treinar. A jovem soube no fim do ano passado do fim das categorias de base de Americana, clube que defendia desde os cinco anos de idade.
"Me deparei com uma situação muito difícil e resolvi buscar algo diferente. Minha técnica em Americana havia feito um camp na Score Academy e me falou sobre ele. A parte mais difícil foi deixar a minha família e chegar aos Estados Unidos sem saber falar uma palavra em inglês. Mas fui em busca de um sonho e agora quero ficar lá, cursar uma universidade", disse.