Onze mil camas, 10 mil mesas, 3 mil geladeiras, 4 mil cortinas e muitos outros móveis e eletrodomésticos. O orçamento da Olimpíada de 2016 acaba de incorporar cerca de 150 mil itens. Todos eles equiparão as vilas para atletas, árbitros e outros profissionais que virão ao Rio para os Jogos Olímpicos. Tudo será pago prefeitura carioca e custará cerca de R$ 62 milhões aos cofres públicos.

O município já lançou quatro editais para adquirir os itens domésticos. As compras estão sob a responsabilidade da SMH (Secretaria Municipal de Habitação) do Rio, órgão dedicado a garantir acesso a moradia à população mais pobre da cidade.

A secretaria deve gastar mais de R$ 3 milhões só para pagar 2.640 aparelhos de ar condicionado (R$ 1.200 cada) para apartamentos da chamada Vila Carioca, conjunto que vai servir de acomodação para a força de trabalho da Olimpíada. O órgão também investirá mais de R$ 7 milhões na compra de 20.156 mesas de cabeceira (R$ 359 cada) para quartos da Vila dos Atletas da Rio-2016.

O município também aplicará mais de R$ 7 milhões na aquisição de 9.445 suportes para televisão (R$ 800 cada um), além de R$ 13 milhões em 10.588 sofás para as vilas olímpicas dos Jogos de 2016.

Em entrevista ao UOL Esporte, o prefeito Eduardo Paes explicou que a compra faz parte de um acordo fechado pelo município com o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016. Inicialmente, o comitê, que é financiado com verba de patrocinadores, pagaria o mobiliário das vilas usando recursos próprios.

Acontece que, quando o comitê assumiu esse compromisso, esperava-se a prefeitura investisse diretamente no órgão cerca de R$ 500 milhões. O comitê abriu mão dessa ajuda. Porém, transferiu ao município algumas contas que, no projeto olímpico original, teriam que ser pagas por ele. “Estamos fazendo a compra para economizar os recursos do comitê”, ratificou Paes.

Segundo o prefeito, a compra de móveis pela prefeitura não é novidade. Alguns beneficiários cariocas do programa Minha Casa, Minha Vida já ganham um kit de utensílios quando mudam-se para novos apartamentos.

A ideia da prefeitura, aliás, é doar os móveis e eletrodomésticos comprados para a Rio-2016 para outros cidadãos do Rio após os Jogos. Assim, ganhariam utilidade pós-Olimpíada. “Não vão ficar sem uso”, prometeu Paes.

Em 2009, quando o Rio de Janeiro apresentou candidatura para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o dossiê do projeto tinha estimativa de custo de R$ 28,8 bilhões (valores da época). No entanto, houve correções durante a execução das obras - a última delas, de R$ 500 milhões, foi apresentada em abril deste ano. Atualmente, o valor total do evento está na casa de R$ 38,2 bilhões.