Vídeos

Diretor de cerimônias da Rio-2016 diz que faltou alma na abertura da Copa

Diego Azubel/EFE
Claudia Leitte e Jennifer Lopez cantam na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014 imagem: Diego Azubel/EFE

Guilherme Costa e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A abertura dos Jogos Pan-Americanos de Toronto será realizada nesta sexta-feira (09), mas o Brasil já pensa em outra cerimônia inaugural: a dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, agendada para o dia 5 de agosto de 2016. O evento já tem uma linha narrativa definida, com proposta de ser bem mais “local” do que a primeira festa da Copa do Mundo de 2014. Aliás, em alguns aspectos, o torneio de futebol tem servido como exemplo do que não ser feito.

“É melhor você fazer uma coisa com menos dinheiro, não tão maravilhosa, mas com alma de verdade, que todo mundo entenda. O único jeito de você emocionar e falar com quem está em casa é emocionar o brasileiro e quem está ali. Se você ficar no meio do caminho entre falar para gringo ou falar para brasileiro, você vai se perder. Você tem de falar o que de fato é um Brasil que dê orgulho. O que eu vou consumir, o que eu gosto e o que eu vou entender. O que a gente aprendeu, não só daquilo, mas de todos os eventos, é que você tem de ter uma alma”, disse Leonardo Caetano, diretor de cerimônias da Rio-2016.

Com um custo total de R$ 18 milhões, a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014 teve shows de Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull. A festa foi realizada em Itaquera, palco do primeiro jogo do torneio de futebol, e teve início às 15h15 (de Brasília).

“É difícil criticar, mas imagina você ter um evento em que o diretor criativo é um coreógrafo romeno [na verdade, a diretora artística da abertura da Copa do Mundo de 2014 foi a belga Daphné Cornez]... é difícil botar alma num negócio desses. Agora você tem o Fernando Meirelles, a Daniela Thomas e o Andrucha. São pessoas que se comunicam e produzem no Brasil para o brasileiro há muito tempo. Fernando Meirelles talvez seja o nosso grande contador de história. A Daniela Thomas conhece profundamente as manifestações artísticas e estéticas, e o Andrucha está acostumado a falar com publicidade. Eu brinco que ele fala com a senhora gorda de Pato Branco e com o garoto modernoso da Vila Madalena. Esse é o tipo de coisa que passa verdade”, avaliou Caetano.

A abertura dos Jogos Olímpicos será dirigida por Fernando Meirelles, Daniela Thomas e Andrucha Waddington, profissionais escolhidos pelo comitê organizador da Rio-2016. Eles têm feito workshops mensais para discutir detalhes da cerimônia, que atualmente está em fase de prospecção de voluntários. O evento será realizado à noite e no Maracanã.

Além de a cerimônia ter uma perspectiva mais regional do que a da Copa do Mundo, a proposta do grupo conduzido por Caetano é apostar num viés mais moderno. “Acho que a gente, por ser um país novo, tem a vantagem de poder falar mais do contemporâneo do que de história. Não sou a Grécia e nem a China, países com 3 mil anos de história”, ponderou o diretor.

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 já tem um custo base. Segundo Caetano, contudo, o valor é mantido em sigilo porque é passível de alterações: “Se você tiver uma ideia genial é sempre mais fácil conseguir um orçamento adicional. Você precisa ter um propósito”.

“Acho que no Brasil a gente tem uma grande facilidade: na hora em que você encontra – e acho que os diretores encontraram brilhantemente – a sua linha narrativa, tudo começa a fazer sentido. Obviamente, isso não pode ser um compêndio. Ninguém aqui quer listar todos os ritmos ou manifestações culturais. Ninguém aqui quer fazer isso. A gente quer contar uma história que a gente não pode falar ainda qual é, mas que se apoia em elementos da cultura brasileira”, finalizou Caetano.

Convocação a voluntários

Caetano também reforçou a convocação do Comitê Rio-2016 para que interessados em participar das cerimônias dos Jogos se inscrevam no site para voluntários. Em maio, o Rio-2016 abriu o período de candidaturas só para quem deseja trabalhar nas festas de abertura e encerramento da Olimpíada e da Paraolimpíada. Desde então, entre 4 mil e 5 mil pessoas demonstraram interesse em colaborar. O Rio-2016, contudo, espera a colaboração de 12 mil pessoas.

Quem pretende fazer parte da festa pode se registrar até setembro em duas páginas da internet: cerimonias.rio2016.com ou rio2016.com/elencodecerimonias. Segundo Caetano, não é preciso ser artista ou dançarino profissional para participar das cerimônias da Rio-2016. O comitê exige só que voluntários tenham mais de 16 anos e alguma aptidão para apresentações.

“É gente que queira participar e tenha interesse em produção cultural. Ou porque ele é ator, ou porque é músico, ou porque é amante de algum aspecto ligado a isso. Ou talvez por ser apenas um curioso”, explicou o diretor de Cerimônias. “Agora, ninguém precisa ser profissional. Não precisa saber dançar bem, mas precisa topar ir para o meio do palco e dançar”, completou.

Caetano explicou que também é importante ter disponibilidade para participar dos ensaios. As práticas devem começar em março e se estender até a véspera do início dos Jogos.

O diretor do Comitê Organizador dos Jogos não deu detalhes sobre seus planos para as festas da Olimpíada. Isso é mantido em segredo pelos organizadores. Segundo ele, voluntários selecionados terão inclusive que assinar um termo de compromisso para não divulgar informações sobre as celebrações e preservar surpresas: “Esperamos que os voluntários colaborem”.

Topo