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Atletas olímpicos contam como é viver uma vida inteira de dieta

Divulgação/COB
Raphaella Galacho, lutadora de taekwondo: "Sigo a dieta todo dia. Incluindo aos fins de semana. Tanto pelo lado estético, quanto pelo lado esportivo" imagem: Divulgação/COB

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

O Tiago Camilo medalhista de prata nas Olimpíadas de Sydney-2000 pesava 73kg. O judoca campeão mundial de 2007 e medalhista olímpico de Pequim-2008 estava quase dez quilos mais pesados, lutando na categoria até 81kg. Hoje, o mesmo Tiago Camilo vai disputar os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, e, provavelmente, as Olimpíadas do Rio de Janeiro, no ano que vem, com 90kg.

Quem olha os quase 20 kg de diferença entre o atleta que estreou em competições olímpicas há 15 anos e o veterano que virou referência do judô nacional pode pensar que dieta nunca foi uma preocupação. Não é verdade. “Eu sou atleta há quase 20 anos. Estou na seleção há 17. E sempre tive de tomar cuidado com a alimentação”, afirma.

Vida de atleta olímpico é assim. Muita gente precisa perder peso. A maioria precisa manter a balança no mesmo lugar. Tem até quem precisa comer para ganhar alguns quilinhos. Todos eles estão em dieta, 24 horas por dia, 7 dias por semana... “Peso, para um atleta, é importantíssimo. Cada quilo a mais é um lastro que ele carrega para a competição. Por isso, não dá para descuidar do que se come”, admite a nutricionista Julia do Valle Bargieri, que trabalha com as seleções de atletismo e handebol do Brasil.

Rafael Silva, sobre dieta

  • Flavio Florido/UOL

    O pessoal acha que os atletas do peso pesado não fazem dieta. É claro que a gente come mais, mas a alimentação é regrada. Eu fiz uma dieta no primeiro semestre. 2.500 calorias diárias, quando o normal é 5.000. Perdi 20kg. É claro que senti falta de comer. Continuei treinando normalmente. Mas fiquei mais cansado, fiquei mais irritado. Mas valeu a pena

    Rafael Silva, medalhista olímpico do judô, de 160kg, sobre viver de dieta: ele chegou aos 140kg e ganhou cerca de 13kg de massa magra

Veja o caso de Tiago: aos 33 anos, ele sabe que comer é essencial para prolongar a sua carreira. À noite, por exemplo, ele evita comer alimentos crus. O objetivo é não alterar a temperatura do corpo para a noite, que dita a qualidade do sono. Além disso, tenta sempre comer os carboidratos antes das proteínas, para acelerar a digestão.

“Hoje, meu corpo precisa de mais tempo para a recuperação muscular após os treinos. Por isso, eu tento poupar energia onde é possível. A alimentação serve para isso. Quanto menos tempo e energia meu corpo precisar para a digestão, mais tempo terá para se recuperar”, ensina.

Essa lição, porém, não deve ter sido aprendida com facilidade. Que o diga o também judoca Charles Chibana. “Quando eu era mais jovem, eu fazia loucuras. Comia de tudo e, na semana do campeonato, parava de comer. Chegava no peso, mas quando chegava a hora de lutar, não tinha energia”, lembra.

Aos 25 anos, Chibana mudou. Ele lutava entre os ligeiros, em que o limite de peso é 60kg, quando fazia as loucuras. Atualmente, compete nos meio-médios, podendo chegar ao dia da pesagem com até 66kg. Faz a diferença. “Hoje, trabalho com nutricionista, controlo o meu peso com mais cuidado e evito exageros. Mas, às vezes, a gente dá uma escapada. Aos fins de semana, eu saio um pouco. Mas depois, sei que preciso me esforçar mais nos treinos. É preciso compensar”, completa o lutador, que já foi líder do ranking mundial.

É mais ou menos o que faz a atleta do taekwondo Raphaella Galacho. Uma das três representantes do país nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, ela mudou recentemente de categoria, indo dos 63kg para os 67kg. Aumentou a variedade (e a quantidade) do que pode comer.

“As meninas mais leves sofrem mais. Hoje, eu posso escolher o que eu como”, diz. “Mas nem por isso eu deixo de controlar a dieta. Eu sigo bem à risca, até por causa do lado estético. Mas manter o peso é essencial para lutadores do taekwondo. Quanto mais pesado, mais difícil são as elevações das pernas. Quanto mais pesado, mais você compensa na coluna e no joelho. Você pode se lesionar com mais facilidade”, completa.

Na prática, todos sabem que é preciso manter a dieta. Mas, vamos lá: escapadinhas todo mundo dá... “Chocolate... Chocolate, para mim, faz falta todo dia. Mas eu evito ao máximo. Até porque eu não consigo comer só um pedacinho. Só paro quando acabo o pacote. Então, eu só como quando estou precisando muito”, revela Raphaella.

Não é uma situação incomum. “Existem, sim, pessoas que sentem necessidade de comer chocolate. Eu, por exemplo, vejo isso, muito, com as mulheres. Como é preciso fazer algumas concessões, conseguimos colocar o chocolate na dieta. Mas em momentos específicos”, ensina a nutricionista Julia do Valle Bargieri.

Mas quando é esse momento em que comer chocolate é permitido? “Como tem gente que precisa de chocolate, conseguimos usá-lo logo após treinos pesados. Ele pode ajudar na recuperação. O problema não é o cacau, mas a gordura. Se fosse alguém sedentário, não seria recomendável. Para alguém que não tem gasto energético, chocolate vira gordura”, completa.

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