Com dívida, Brasil terá de pagar por vagas olímpicas no basquete
Do UOL, em São PauloUma vaga olímpica não tem preço. Mas duas, ao menos no caso do basquete brasileiro, têm um valor fechado: nesta segunda-feira, a Fiba (Federação Internacional de Basquete) anunciou que o Brasil terá direito aos dois lugares tradicionais dados para a nação sede dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro desde que pague as dívidas que tem com a entidade até o dia 31 de julho.
Em reportagem de março, o UOL Esporte revelou que a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) ainda tinha abertas duas parcelas do valor total de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,25 milhões) que se comprometeu a pagar em troca da vaga na Copa do Mundo da Espanha de 2014, na qual a seleção terminou no sexto posto.
A CBB dividiu o valor dos convites em três. Pagou a primeira parcela, mas ainda não quitou as últimas duas. No total, o valor supera os US$ 300 mil, cerca de R$ 1,8 milhão em valores atuais. O acordo financeiro foi feito porque a seleção masculina não conseguiu a vaga na quadra na Copa América de 2013 – a Confederação precisou abrir o cofre para o país não ficar fora de um Mundial pela primeira vez.
Em comunicado oficial postado em seu site, a CBB reconheceu a dívida, mas disse que propôs à Fiba um parcelamento dos vencimentos. Até agora, não obteve resposta. O UOL Esporte espera uma resposta da entidade internacional sobre as alegações brasileiras.
O ultimato dado pela entidade confirma que o Brasil vai disputar os dois torneios pré-olímpicos das Américas já com a sua situação olímpica definida. O Feminino, disputado no Canadá, tem início marcado para 8 de agosto e vale vaga apenas para o campeão. No masculino, o Pré-Olímpico será no México e começa em 31 de agosto, com classificação garantida para os dois finalistas.
A dificuldade com o pagamento da dívida com a Fiba da CBB é fruto da situação financeira caótica pela qual passa a entidade que comanda o basquete por aqui. A dívida da entidade chegou a R$ 8,7 milhões, incluindo empréstimos de milhões a serem pagos e déficit acumulado de R$ 10,6 milhões – segundo consta no balanço patrimonial publicado no mês passado.
Esse buraco nas contas já fez a CBB pedir ajuda: para tentar sair do vermelho, a saída seria conseguir um grande patrocinador estatal. O Ministério do Esporte está envolvido nesse processo de prospecção. Desde 2013, com o fim do contrato com a Eletrobras, a entidade não conta com isso. A maior parte do aporte financeiro vem do Bradesco. A Nike também patrocina a CBB. Das grandes confederações olímpicas (incluindo, vôlei, natação, judô, e tênis) do país, a do basquete é a única que não possui patrocínio estatal.