Americana deixa vestibular de medicina de lado para jogar rúgbi pelo Brasil

Isadora Cerullo sabia como seria sua vida entre 2014 e 2020. Formada em biologia, era pesquisadora no hospital da Universidade da Pennsylvania, já adiantada no processo para cursar a faculdade de medicina. O esporte tinha ficado para trás, quando morava em Nova York e era uma das estrelas do time feminino de rúgbi da Universidade de Columbia. Mas, no meio do caminho, apareceu a chance de se tornar uma atletas olímpica.
No ano passado, a Confederação Brasileira de Rúgbi divulgou, pelo mundo todo, um “open call” para atletas de rúgbi com conexões com o país. Era uma convocação para atrair talentos internacionais para o time verde-amarelo. Isadora se adequava ao processo. Mas não muito. “Eu nunca pensei em ser atleta olímpica. Meu caminho estava traçado. Iria fazer a faculdade de medicina e acompanhar as Olimpíadas pela TV. Mas aí, minha antiga técnica me falou sobre a chance de defender o Brasil”.
A decisão não foi rápida. A jogadora estava com sua trajetória definida, já estava no meio em que queria seguir carreira. Tudo andava nos trilhos. “Precisei de quatro meses para tomar a decisão e contatar a CBRu. Mas achei que nunca iria me perdoar se deixasse essa oportunidade passar”, explica.
Isadora Cerullo, jogadora de rúgbi do Brasil
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Denys Flores/Divulgação Quando vim para o Brasil, achei que iria enfrentar dificuldade. Era uma estrangeira vindo para tomar um lugar de uma brasileira. Esperava ouvir besteiras, ouvir perguntas sobre o que eu estava fazendo aqui. Mas em nenhum momento as outras meninas fizeram isso. Me abraçaram desde o primeiro treino
“Eu nunca tinha vindo ao Brasil antes. Meus pais são brasileiros, mas se conheceram nos EUA quando estavam estudando, conseguiram bons empregos e ficaram. Eu não conhecia os parentes brasileiros. Só pelo telefone. Está sendo uma experiência muito diferente”, conta a atleta.
Hoje, Isadora mora na Vila Mariana, em um apartamento que divide com outras atletas da seleção. Quando não está treinando, normalmente está procurando museus, para visitar. “Adoro arte. E São Paulo é uma cidade incrível para isso. Tem muitos museus, sempre tem alguma exposição nova. É parecido com Nova York, onde fiz faculdade”.