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Rio-2016 busca motoristas voluntários. Só não espere dar carona para Phelps

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Você dirige? Se a reposta for sim, acaba de se tornar um candidato em potencial para uma vaga nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. E, se quiser ser voluntário do Rio 2016, melhor ainda: das nove áreas do programa de voluntariado dos Jogos, a de transportes é a que recebeu menos interessados.

“Tem muita gente que quer ser voluntário. Tivemos uma adesão ao programa muito boa. Mas a área de transporte é a que teve menos adesão. Preciso de motoristas. Temos muita gente que quer ser voluntário dos Jogos, mas não colocam dirigir como primeira opção”, explica Flávia Fontes, gerente do programa de voluntários do Rio 2016.

Tulio Vidal/Rio 2016
Candidato passa por obstáculo durante vivência do treinamento imagem: Tulio Vidal/Rio 2016
Não que os motoristas voluntários tenham uma função fora do comum: a exigência é para pilotar carros de passeio, em vias fechadas, de uma instalação a outra, em distâncias, normalmente, pequenas. Para isso, todos os candidatos aceitos passarão por um treinamento específico, incluindo aulas de direção defensiva. “E como eles só usarão as vias olímpicas, que são faixas exclusivas, não precisam conhecer o Rio de Janeiro para isso. Por isso, todos os voluntários inscritos nessa função estão sendo analisados com muito mais atenção”, completa Flávia.

O número de pessoas necessário para isso é alto: o Comitê Organizador vai selecionar 5 mil motoristas para o período dos Jogos. No total, incluindo as nove áreas de atuação, serão 70 mil voluntários, 45 mil nos Jogos Olímpicos e 25 mil nos Jogos Paraolímpicos. E o processo de seleção envolve testes online, vivências em grupo, entrevistas e treinamento específico.

Nesta quarta-feira (3), em São Paulo, foi inaugurado o Centro de Formação de Voluntários do Rio 2016. É a segunda de quatro instalações em que os candidatos terão o primeiro contato com representantes do Comitê Organizador, em uma primeira etapa de treinamento. Essa preparação é uma parceria entre o Rio 2016 e a Universidade Estácio. “Esse é um processo de educação. Desenvolvemos, em parceria com o Comitê Organizador, esse conceito de treinamento e colocamos nossos campus a disposição para isso”, explica o presidente da Estádio, Rogério Melzi.

Além de Rio de Janeiro e São Paulo, Belo Horizonte também vai receber um dos quatro centros para voluntários – serão dois na cidade-sede dos Jogos. Nos demais estados, as entrevistas serão feitas em um dos 11 centros itinerantes. “Tivemos mais de 240 mil inscritos e é preciso conversar com as pessoas para fazer a seleção. Esses road-shows servirão para isso. Mais importante, porém, é lembrar porque as pessoas se inscreveram. Inspirar e engajar quem já quer fazer parte dos Jogos, para que esse interesse não se perca”, fala Flávia.

Danilo Nogueira, ginasta que conquistou duas medalhas no Pan-Americano de 2003, é um dos candidatos a voluntário do Rio 2016

  • Tulio Vidal/Rio 2016

    Eu disputei Mundial, disputei Pan. Só falta Olimpíada. Por isso resolvi ser voluntário. E, com a minha experiência, acho que posso ajudar muito. Dentro da área de competição, parece uma bagunça. Mas quem já foi atleta sabe como funciona. Quero ajudar

    Danilo Nogueira, ginasta dono de duas medalhas no Pan e candidato a voluntário da ginástica no Rio 2016
Essa inspiração fica clara na recepção dos candidatos. Cada pessoa que chega ao Centro de Formação passa por um processo de imersão que inclui um vídeo com imagens olímpicas. Durante esse processo, é comum que voluntários falem o nome dos atletas que aparecem na tela ou se emocionem com os feitos mostrados. Depois, eles embarcam em uma dinâmica de grupo. Durante esse processo, são observados por outros voluntários, já treinados para selecionar quem tem o perfil procurado. “Queremos pessoas comprometidas e alegres”, avisa Flávia.

Mas não só isso: é preciso lembrar a quem quer ser voluntário que nem todos terão contato com atletas ou terão a oportunidade de ver competições ao vivo. Lembra dos motoristas, do começo desse texto? É possível que um deles dê uma carona para Rafael Nadal chegar a um treino. Ou leve Michael Phelps até a piscina. Mas, se isso acontecer, serão exceções. Na maioria das vezes, esses voluntários não entrarão nas arenas e irão levar trabalhadores que, como ele, estão contribuindo na infraestrutura olímpica. E não com o show esportivo propriamente dito.

Tulio Vidal/Rio 2016
Candidatos passam por dinâmica de grupo durante treinamento para ser voluntário para o Rio-2016 imagem: Tulio Vidal/Rio 2016
“Hoje, no Brasil, as pessoas estão muito mais acostumadas com o conceito de voluntariado. Não é mais como no Pan de 2007, em que todos queriam ver as competições. A possibilidade de não ter contato com os atletas existe e isso faz parte do processo de seleção. Buscamos pessoas que entendam isso e estejam dispostas a ser voluntárias, mesmo sabendo que a chance de tirar uma selfie com uma estrela olímpica é pequena”, diz Flávia.

Um dos voluntários que fizeram a dinâmica nesta quarta-feira, o professor de filosofia Ricardo Antônio da Silva, sabe disso. Ele é um dos inscritos para a área operacional e quer trabalhar em com o público. “Acredito que vá trabalhar na parte de ingressos ou na orientação das pessoas dentro do Parque Olímpico. Eu gosto de me colocar no papel do outro, pensar em atender alguém da maneira como eu gostaria de ser atendido. É claro que gostaria de estar dentro de estádios e ginásios, de estar em contato direto com os atletas, mas só de fazer parte disso tudo já seria gratificante”.

Se você quiser ser voluntário, ainda há tempo: o período de inscrições já terminou, mas a lista de espera ainda está aberta, no site http://www.rio2016.com/voluntarios/

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