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Briga entre técnicos teve até mão quebrada de revelação brasileira

Divulgação/Local
Parceria desfeita: Vitaly Petrov (2º a partir da esq.) e Élson Miranda (último da dir.) não trabalham mais juntos. Petrov ficou com Thiago Braz (2º a partir da dir.). Elson, com Fábio Gomes (1º da esq.) e Fabiana Murer imagem: Divulgação/Local

Bruno Doro e Fábio Aleixo

Do UOL, em São Bernardo do Campo

Em junho do ano passado, Thiago Braz tentou quebrar o recorde sul-americano do salto com vara na etapa de Lausanne (SUI) da Liga de Diamante. Com o sarrafo a 5,87m, errou na corrida em direção ao colchão, a vara não se encaixou no buraco e ele quebrou a mão ao cair. Seu técnico na época, Elson Miranda, não sabia, mas aquele salto malsucedido significava o rompimento não só com um atleta que lapidou desde os 15 anos, mas com o mentor que o tornou um dos treinadores mais festejados do Brasil.

Quando Thiago - campeão mundial júnior em 2012 e medalhista de prata das Olimpíada da Juventude de Cingapura-2010 - se recuperou, anunciou que estava indo para a Itália, treinar com o ucraniano Vitaly Petrov. A notícia caiu como uma bomba para Elson: “Está claro que o Petrov aliciou o Thiago para ir treinar com ele”, reclamou o treinador.

KACPER PEMPEL/Reuters
imagem: KACPER PEMPEL/Reuters
O clima ruim foi o que sobrou de uma parceria duradoura que fez o salto com vara brasileiro virar uma potência. Trabalhando em parceria com o ucraniano desde 2001, Elson treinou Fabiana Murer para ser bicampeã mundial indoor e campeã mundial outdoor, em Daegu (CDS), em 2011. Ele também desenvolveu Fábio Gomes da Silva, Augusto Dutra e o próprio Thiago, que fazem parte da elite da prova no mundo.

A reportagem apurou que, para Elson, a fratura poderia ter sido evitada. Durante o torneio na Suíça, Thiago cumpriu uma orientação técnica direta do ucraniano. Para o brasileiro, o saltador ainda não estava treinado o suficiente para o que era pedido. A ideia era saltar como estava acostumado e refinar os movimentos mais antes de usá-los em competição. Após a lesão, Elson e Petrov discutiram por telefone. A parceria terminou aí.

Thiago também deixou o clube que sempre defendeu e onde fez toda a sua recuperação, a BM&F Bovespa, e se filiou a Orcampi. Na Europa, tem seus treinamentos e os salários de Petrov pagos por uma parceria entre a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e o Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Quem vê os envolvidos durante o Troféu Brasil, que está sendo disputado em São Bernardo, na grande São Paulo, até domingo, percebe o clima tenso. Na sexta-feira (15), a final do salto com vara foi tensa. Augusto Dutra descontou a frustração pelo segundo lugar (com marca de 5,55m) nas varas. Fábio Gomes, terceiro (5,30m), deixou a prova decepcionado. “Não era isso o que eu queria”.

Em comum, os dois viram Thiago fazer um salto comum (5,65m) e vencer. Pela primeira vez, ele conquistou o título brasileiro. Mas não recebeu os cumprimentos de seu ex-técnico. “Não tenho mais nada a ver com o Thiago, cuido apenas dos meus atletas. O Thiago é atleta do Petrov”, disse o técnico.

O saltador que está no centro da discussão não quis comentar o rompimento. Segundo ele, “não era o momento” de entrar em polêmicas. Mas ao ser perguntado sobre o relacionamento com os antigos amigos de clube, como Augusto e Fábio, usou a expressão “não vou virar a cara para ninguém”, sem ser questionado diretamente sobre isso.

Petrov também estava em São Bernardo, mas não passou pela área em que era possível fazer entrevistas. Não falou, também, com Elson. “Não tenho mais contato com o Petrov e nem pretendo ter. Não tenho mais o que falar com ele”.

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