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Dívida do RJ com Zico põe em xeque maior legado social olímpico

Reprodução/Facebook
Zico e secretário Marco Antônio Cabral: dívida atrapalha parceria imagem: Reprodução/Facebook

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O maior legado social da Olimpíada de 2016 está novamente em xeque. O projeto Esporte RJ, lançado em 2007 pelo governo do Rio de Janeiro para levar atividades esportivas para até 300 mil pessoas do Estado, pode parar mais uma vez em breve. Tudo por causa de uma dívida do governo de mais de R$ 5 milhões com a ONG (organização não governamental) de Zico.

O ex-jogador do Flamengo e da seleção brasileira oferece aulas de futebol e de outras modalidades esportivas por meio da entidade Zico 10. A organização foi contratada pelo governo em 2013 para que suas ações passassem a integrar uma política estadual para o esporte e o projeto de legado social da Olimpíada de 2016.

Acontece que o governo não tem pago o que prometeu pelos seus serviços da Zico 10. A ONG tem pelo menos R$ 5,7 milhões a receber do Estado. Essa dívida levou Zico a reunir-se pessoalmente com o governador Luiz Fernando Pezão em busca de solução contra a possibilidade real de paralisação do Esporte RJ.

O encontro entre Pezão e Zico ocorreu sem alardes na segunda-feira (11), no Palácio Guanabara, sede do governo. Foi Zico quem pediu a audiência com o governador. Pezão o recebeu acompanhado do secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Marco Antônio Cabral (filho do ex-governador Sergio Cabral).

Zico levou à tira colo um dossiê que aponta um débito de R$ 7 milhões do Estado com a Zico 10. Pezão, porém, não lhe permitiu nem a apresentação dos documentos. Disse a Zico que o ex-jogador é parceiro valioso do governo. Prometeu agir rapidamente para que o governo cumpra com todas as obrigações pendentes com a ONG do Galinho de Quintino.

Após a reunião de segunda, parte da dívida do governo com a Zico 10 foi quitada. Contudo, a própria Seelje (Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude) confirmou na quarta-feira (13) que o Estado ainda deve R$ 5,7 milhões à entidade.

Sem dinheiro, a ONG passa por uma crise. Obrigada a demitir funcionários depois que o governo decidiu reduzir o Esporte RJ por falta de recursos, a Zico 10 não tem verba para acertar a rescisão de seus ex-colaboradores. Em sua página do Facebook, são várias as reclamações de professores demitidos pela entidade que ainda não receberam o que tinham direito.

A Zico 10 reconhece a pendência com seus ex-funcionários. Informou que espera quitá-las com os recursos que têm a receber do Estado.

Paralisações e problemas

O projeto Esporte RJ já foi suspenso duas vezes desde seu lançamento. Em 2013, o projeto parou para uma reformulação, deixando cerca de 300 mil pessoas beneficiadas sem atividade esportiva. Já no início deste ano, a ação foi novamente paralisada para que tivesse seu orçamento revisto.

Com menos recursos, o governo chegou a reduzir o Esporte RJ. O secretário Cabral já disse que o projeto foi cortado pela metade. A Zico 10, entretanto, disse que diminuiu seus atendimentos em 90%.

Antes, a entidade oferecia aulas de futebol, natação, ginástica e outras atividades em 400 núcleos espalhados pelo Estado. Hoje, mantém 40 núcleos.

Além da Zico 10, a Ascagel (Associação do Conselho Gestor de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro) também integra o Esporte RJ. A entidade também reduziu suas atividades e está demitindo funcionários.

A Seelje informou que não pretende paralisar o Esporte RJ mais uma vez. O órgão informou, inclusive, que está negociando com as secretarias de Planejamento e Fazenda o lançamento de uma nova licitação para que outras entidades prestadoras de serviço sejam contratadas para o Esporte RJ.

Contratos com Léo Moura

Enquanto o governo acumulava dívidas com a Zico 10, ele também firmava outras parcerias para a disseminação do esporte no Estado. Só uma empresa do jogador Léo Moura, cabo eleitoral de Pezão e Marco Antônio Cabral, fechou três contratos com o Estado para desenvolver escolinhas de futebol. Ganhará R$ 9,2 milhões.

Os três os acordos foram firmados pela Seelje. Todos sem licitação. Segundo a secretaria, os acordos foram feitos sem concorrência para garantir que a carreira de Léo sirva de exemplo a jovens.

LÉO MOURA FAZ CAMPANHA POR SECRETÁRIO CABRAL

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