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Ginasta de quase 1,80m precisou de terapia por ser grande demais

Ricardo Bufolin/CBG

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Campeão olímpico, Arthur Zanetti tem 1,56m de altura. Bicampeão mundial, Diego Hypolito é um pouco mais alto, com 1,70m. Também membro da seleção brasileira de ginástica, Petrix Barbosa destoa de seus companheiros. Com um 1,78m, ele é um gigante em um esporte de baixinhos. E já teve muita vergonha disso.

Ricardo Bufolin/CBG
"Quando dei a esticada, o corpo ficou todo errado. Eu ia fazer o exercício e ficava todo bambo. Parecia uma salsicha" imagem: Ricardo Bufolin/CBG
“Eu tive muitos problemas quando cresci. Sempre fui mais alto do que meus companheiros de ginástica. Mas entre 14 e 15 anos, eu fui de 1,45m para 1,70m, do nada. Nessa época, eu pensei que a ginástica tinha acabado para mim. Tudo era muito complicado, tudo era mais difícil”, admite o ginasta.

Tamanho é importante na ginástica porque o esporte exige flexibilidade e força. E trabalha com ângulos e suspensões que pessoas normais não conseguem atingir. Quanto maior o seu corpo, mais difícil é lidar com essas forças que entram em ação em certos exercícios. Com 1,56m de altura e apenas 60kg, Zanetti consegue manter seu corpo na horizontal apenas com os punhos, sem tanto esforço. Para Petrix, com quase 1,80 e 15kg mais pesado, o esforço necessário é muito maior. Quando Hypolito executa uma de suas piruetas, vale o mesmo. Saltar, com 69kg, é menos complicado com que com 75kg.

“Quando eu dei essa esticada, precisei de acompanhamento psicológico. Eu tinha 15 anos. Desde os sete minha vida era ginástica. Como eu iria parar porque o meu corpo é diferente? Eu sabia que tinha talento e sabia que não queria desperdiçar tudo aquilo que tinha conquistado até ali. Então, resolvi parar de nadar contra a maré e aceitar que eu era assim. Passei a me adaptar”, conta.

Essa adaptação psicológica envolveu exercícios inusitados. Em um deles, Petrix se deitava sobre uma cartolina e o contorno de todo o seu corpo era desenhado. O papel era, então, colado na parede. “Eu olhava todo dia para o desenho. Para aceitar que eu era daquele tamanho”, lembra.

Psicologicamente deu certo. Fisicamente, nem tanto... Lesões seguiram o atleta por toda a sua carreira. O pulso, o principal afetado pelo crescimento súbito (já que é ele que aguenta toda o peso extra), foi operado duas vezes. Em uma delas, ele teve de tirar pedaços de osso da bacia para colocar no local. No ano passado, teve uma lesão séria na coluna, fruto de treinamento em excesso.

“Hoje, eu sei que sou diferente. Preciso cuidar ao máximo da alimentação. Eu tenho quase 1,80m sem tênis. Sou mais pesado do que todos da seleção. Se eu ganhar peso, carrego isso em cada exercício. E não importa se é gordura ou músculo. Não posso ficar mais pesado”.

Até agora, ele tem conseguido lidar bem com seu corpo fora dos padrões. Ele faz parte da seleção de ginástica masculina do país e é um dos mais cotados para fazer parte do time que vai ao Pan de Toronto, em julho, e para o Mundial de Glasgow, em outubro.

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