Vídeos

Flávia Saraiva já é estrela. Mas ginástica teen do Brasil tem de amadurecer

Ricardo Bufolin/CBG
Flávia Saraiva, o novo fenômeno da ginástica brasileira, com as duas medalhas que ganhou na etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

A Copa do Mundo de São Paulo, disputada durante o feriado do Dia do Trabalho, provou que o Brasil ganhou uma nova estrela na ginástica artística. Campeã olímpica da juventude no ano passado, Flávia Saraiva disputou, aos 15 anos, um campeonato adulto pela primeira vez encantando o público. Conquistou uma medalha de ouro no solo e uma de prata na trave. Ganhou amor dos fãs e respeito dos rivais.

Suas companheiras de equipe feminina, porém, ficaram devendo. Não que os resultados tenham sido ruins. A prata de Rebeca Andrada, outro fenômeno de 15 anos, no salto deve ser exaltada. E no salto e na trave, as brasileiras conseguiram notas que valeria final no último Campeonato Mundial, em Nanning, na China. O problema foi a maneira como as garotas lidaram com a pressão de disputar uma etapa de Copa do Mundo em casa, lidando com gritos de torcida e assédio de fãs e imprensa.

Ricardo Bufolin/CBG
Rebeca Andrade foi prata no solo, mas, segundo Georgette Vidor, ela pode render mais: "Ela saiu daqui com vontade de mostrar que pode mais. É disso que ela precisa" imagem: Ricardo Bufolin/CBG
O time ainda era adolescente. Flávia e Rebeca têm apenas 15 anos, em seu primeiro ano no time princopal. Lorrane Oliveira tem 17. A mais velha era Letícia Costa, de só 20 anos. Todas cometeram erros graves em algum momento da competição. Além disso, em três das quatro finais, as brasileiras tiraram notas menores do que nas eliminatórias – a única exceção foi a trave de Flavinha, em que o 15,100 igualaram a nota da campeã mundial de 2014 Simone Biles.

“Tivemos falhas. Vamos ter de trabalhar. Mas o que mais importa é que os árbitros gostaram das nossas ginastas e apreciaram o nosso trabalho. O que está faltando é que elas acreditem que tem potencial para conseguir os objetivos”, analisou Georgette Vidor, chefe da delegação feminina.

No masculino, a história foi diferente. Com um time mais velho e experiente (Ângelo Assumpção, o mais novo, tem 19 anos), os homens conquistaram seis medalhas. Arthur Zanetti venceu nas argolas, em dobradinha com Henrique Flores. Ângelo foi o campeão do salto, com Diego Hypolito em terceiro lugar. Diego ainda foi vice-campeão no solo e Francisco Barreto foi bronze nas barras paralelas.

Ricardo Bufolin/CBG
Ângelo Assumpção, campeão do salto: aos 18 anos, é um talento em construção. Mas já é apontado como sucessor de Diego Hypolito imagem: Ricardo Bufolin/CBG
Mais importante, porém, foi o jeito como eles lidaram com a pressão. Ginastas do país se classificaram para cinco finais – a exceção foi a barra fixa. Só em uma o resultado na final foi pior do que nas eliminatórias, justamente na prova do campeão olímpico Zanetti. Na sexta-feira, ele tinha conseguido a melhor nota de sua carreira, com 16,050. No domingo, fez “apenas” 15,900 – mesma nota do ouro olímpico.

Comparando a qualidade das notas com o feminino, porém, a vantagem é pequena. Em apenas duas provas os brasileiros conseguiriam se classificar para a final no último Mundial: Diego no solo e Zanetti nas argolas. Colocando Sérgio Sassaki, que está em recuperação de uma operação no joelho, no quadro, são três chances reais de medalha na próxima edição do Mundial ou da Olimpíada – Ângelo Assumpção estpa em evolução, mas é incerto se ele conseguirá melhorar tanto em pouco mais de um ano...

No feminino a equipe é menos homogênea, mas o número de medalhas em potencial parece ser o mesmo. Flávia Saraiva pode crescer muito. Na trave, já mostrou o que pode fazer. No solo, não fez sua série mais forte e venceu. Já Rebeca Andrade ainda não conseguiu mostrar seu potencial, mas é apontada por todos como uma futura campeã – sua nota no salto valeria final de Mundial, por exemplo. Resta esperar que as duas adolescentes (e suas companheiras) olhem para o que aconteceu em São Paulo e usem essa experiência para amadurecer.

Topo