Flávia Saraiva já é estrela. Mas ginástica teen do Brasil tem de amadurecer
Bruno DoroDo UOL, em São Paulo
A Copa do Mundo de São Paulo, disputada durante o feriado do Dia do Trabalho, provou que o Brasil ganhou uma nova estrela na ginástica artística. Campeã olímpica da juventude no ano passado, Flávia Saraiva disputou, aos 15 anos, um campeonato adulto pela primeira vez encantando o público. Conquistou uma medalha de ouro no solo e uma de prata na trave. Ganhou amor dos fãs e respeito dos rivais.
Suas companheiras de equipe feminina, porém, ficaram devendo. Não que os resultados tenham sido ruins. A prata de Rebeca Andrada, outro fenômeno de 15 anos, no salto deve ser exaltada. E no salto e na trave, as brasileiras conseguiram notas que valeria final no último Campeonato Mundial, em Nanning, na China. O problema foi a maneira como as garotas lidaram com a pressão de disputar uma etapa de Copa do Mundo em casa, lidando com gritos de torcida e assédio de fãs e imprensa.
“Tivemos falhas. Vamos ter de trabalhar. Mas o que mais importa é que os árbitros gostaram das nossas ginastas e apreciaram o nosso trabalho. O que está faltando é que elas acreditem que tem potencial para conseguir os objetivos”, analisou Georgette Vidor, chefe da delegação feminina.
No masculino, a história foi diferente. Com um time mais velho e experiente (Ângelo Assumpção, o mais novo, tem 19 anos), os homens conquistaram seis medalhas. Arthur Zanetti venceu nas argolas, em dobradinha com Henrique Flores. Ângelo foi o campeão do salto, com Diego Hypolito em terceiro lugar. Diego ainda foi vice-campeão no solo e Francisco Barreto foi bronze nas barras paralelas.
Comparando a qualidade das notas com o feminino, porém, a vantagem é pequena. Em apenas duas provas os brasileiros conseguiriam se classificar para a final no último Mundial: Diego no solo e Zanetti nas argolas. Colocando Sérgio Sassaki, que está em recuperação de uma operação no joelho, no quadro, são três chances reais de medalha na próxima edição do Mundial ou da Olimpíada – Ângelo Assumpção estpa em evolução, mas é incerto se ele conseguirá melhorar tanto em pouco mais de um ano...
No feminino a equipe é menos homogênea, mas o número de medalhas em potencial parece ser o mesmo. Flávia Saraiva pode crescer muito. Na trave, já mostrou o que pode fazer. No solo, não fez sua série mais forte e venceu. Já Rebeca Andrade ainda não conseguiu mostrar seu potencial, mas é apontada por todos como uma futura campeã – sua nota no salto valeria final de Mundial, por exemplo. Resta esperar que as duas adolescentes (e suas companheiras) olhem para o que aconteceu em São Paulo e usem essa experiência para amadurecer.