Vídeos

Quarentões do vôlei de praia já ganharam tudo. Mas sonham com a Rio-2016

Divulgação/CBV
Ricardo (à esq.) e Emanuel buscarão vaga nos Jogos Olímpicos do Rio imagem: Divulgação/CBV

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Eles já estão na casa dos 40 anos de idade e ganharam tudo o que poderiam em suas carreiras. Mas ainda assim seguem motivados para acordar cedo, treinar em ritmo pesado e até mesmo passar um longo tempo longe de suas famílias. Tudo para poder disputar em casa uma edição da Olimpíada. Eles são Ricardo (40 anos) e Emanuel (42 anos), medalhistas de ouro no vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e pentacampeões do Circuito Mundial entre os anos de 2003 e 2007.

Os quarentões voltaram a unir forças em agosto do ano passado após ficaram cinco anos afastados – haviam jogados juntos pela última vez em 2009 – e em pouco tempo já tiveram sucesso. Em março, garantiram o título do Circuito Nacional e mostraram que são favoritos para assegurar uma das duas vagas às quais o Brasil tem direito na próxima edição olímpica.

A classificação para a Rio-2016 se dará neste ano. A melhor dupla brasileira ao fim do Circuito Mundial terá um posto assegurado. O outro será definido de acordo com critérios estabelecidos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). E para Ricardo e Emanuel a corrida olímpica terá início no dia 26 de maio, com a disputa do Grand Slam de Moscou (RUS). Depois, pretendem jogar mais nove torneios até dezembro, quando será fechado o ranking. Seus principais adversários nesta corrida interna são Alison/Bruno Schmidt, Pedro Solberg/Evandro e Álvaro/Vitor.

“Fiquei muito surpreso com os resultados que tivemos neste início. Gerlamente, uma dupla demora para se entrosar, mas fomos muito bens. Acho que isso aconteceu por sermos dois jogadores muito experientes. E também tenho plena confiança no Ricardo”, disse Emanuel, que estava jogando com Pedro Solberg após deixar de ser parceiro de Alison, com quem havia ganho a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

“Amo jogar, competir e sei que sigo fazendo isso em alto nível. A idade não interfere em nada. Minha motivação vem dos resultados que consegui ao longo de todos estes anos. Enquanto estiver atuando neste alto nível, seguirei jogando. Os resultados que tivemos neste retorno juntos são muito animadores e a tendência é seguirmos evoluindo”, disse Ricardo, que teve como seu último parceiro Álvaro Filho.


“Sou muito crítico comigo mesmo. Em 2013, quando decidi se seguiria jogando ou não, vi que tinha muito ainda a contribuir e tenho condições físicas para isso. Este espírito de renovação anual é o que me faz continuar”, completou Emanuel , que ao lado de Ricardo também ganhou a medalha de bronze na Olimpíada de 2008.

Para se dedicar ao sonho olímpico em 2016, a dupla montou toda a estrutura de treinamento no Rio de Janeiro. Comandados pela técnica Letícia Pessoa, contam também com preparador físico, bioquímico e fisiologista. Profissionais fundamentais para seguir em bom nível mesmo depois dos 40.

“Depois da Olimpíada de 2008, fiz uma pesquisa para saber as dificuldades que a idade poderia me trazer. Há seis anos faço este trabalho de fisiologia com o Paulo Figueiredo e estudos de bioquímica com o professor (Luiz) Cameron, da Uerj. E isso tem sido muito útil”, explicou Emanuel.

Além da idade e do currículo para lá de vitorioso, outro fator comum aos dois nesta empreitada é a distância da família. Leila, esposa de Emanuel, e o filho Nicolas, de quatro anos vivem em Brasília. Por isso, só se encontram aos fins de semana. Já os familiares de Ricardo estão todos em João Pessoa (PB).

“É sofrido, a gente fica se revezando. Mas somos um casal muito bem resolvido”, disse Emanuel.

Sem planos para a aposentadoria
Apesar da idade avançada, nenhum dos dois jogadores faz planos para se aposentar. Emanuel acredita que ainda pode contribuir bastante com o esporte, já Ricardo tem um objetivo claro: atuar ao lado do filho Pedro, de 18 anos. O jovem já disputa competições sub-19 no país.

“Quero me aposentar jogando com meu filho, mas não há uma previsão de quando faremos isso. Não acredito que seja tão de imediato. Será algo mais para me divertir, quando já não estiver em alto nível”, contou.

Topo