Chefe do antidoping no país critica Anderson no taekwondo: "Questão ética"

Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
Reprodução/Instagram
Anderson Silva treina taekwondo; lutador enfrenta resistência para tentar vaga

Suspenso preventivamente do UFC por doping, Anderson Silva anunciou que tentará uma vaga olímpica no taekwondo. Para Marco Aurélio Klein, presidente da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem e maior autoridade do assunto no país, a movimentação do lutador configura um problema ético.

“É um atleta que foi apanhado em três testes antidoping com substâncias anabolizantes, o que é um agravante. Ele está suspenso pelo UFC, que até o retirou do programa que ele participaria [a quarta edição do TUF], indicando a preocupação com a imagem da instituição. Ele não deveria poder competir em nenhum esporte”, disse Klein, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Anderson confirmou a intenção de disputar a seletiva do taekwondo em uma entrevista coletiva na última quarta, apoiado pela CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo). A argumentação é de que o lutador de MMA está suspenso pela Comissão Atlética de Nevada, que não é afiliada da Wada (Agência Mundial de Controle Antidopagem), entidade que regula a questão no esporte olímpico.

“O fato da comissão não ser signatária do Código Mundial de Controle Antidopagem não muda essa questão do ponto de vista ético, até pelos outros lutadores, que nunca usaram nada. Ela manda as amostras coletadas para análise em laboratórios credenciados pela Wada. A do Anderson Silva, por exemplo, foi feita no de Salt Lake City, que é um dos 32 credenciados pela agência em todo o mundo”, prossegue Klein.

Anderson Silva está suspenso preventivamente por um ano por conta do uso de substâncias proibidas. Seu julgamento definitivo, pela Comissão Técnica de Nevada, deve ocorrer em maio, e se o gancho for longo ele deve dedicar-se exclusivamente ao taekwondo e a briga por uma vaga olímpica.

Klein condena o pleito do lutador do ponto de vista ético, mas não explica como Anderson poderá ser parado. Hoje, o presidente da ABCD está atento ao andamento do caso e bastante entendido dos detalhes sobre o ex-campeão dos médios do UFC. Ele diz, porém, que só tomará uma atitude quando a mudança for confirmada.

“Eu não quero especular sobre isso. Por ora, o que tem é uma manifestação de intenção. Ele tem de estar federado, como se diz. Aí vai estar no guarda-chuva da Wada e da ABCD”, concluiu Klein.