! Tetracampeão olímpico já transformou Brasil em melhor do polo nas Américas - 10/04/2015 - UOL Olimpíadas

Vídeos

Tetracampeão olímpico já transformou Brasil em melhor do polo nas Américas

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

No domingo, o Brasil perdeu para a Austrália por 9 a 6 na final da fase preliminar da Liga Mundial de polo aquático. O torneio pode ter terminado em derrota. Mas o resultado é uma grande vitória para a modalidade: com o segundo lugar, o país chega a um torneio de nível mundial como o melhor time das Américas.

Para uma seleção que não conquista o ouro nos Jogos Pan-Americanos, por exemplo, desde 1963, é um feito e tanto. E já reflete o sucesso do trabalho de um técnico bigodudo, com cara de poucos amigos e que dá treinos em Italiano, já que não consegue falar português muito bem - sua língua nativa, o croata, não é entendida por ninguém da seleção verde-amarela.

Ratko Rudic é tetracampeão olímpico da modalidade. Venceu os Jogos Olímpicos por Iugoslávia (duas vezes), Croácia e Itália. Tem dois títulos mundiais (Iugoslávia e Itália). Soma 15 pódios em competições mundiais adultas, incluindo Olimpíadas, Mundiais, Copa do Mundo e Liga Mundial.

No Brasil desde 2013, é a base da mudança de status pela qual o polo aquático brasileiro passa. Uma das estrelas do polo aquático espanhol, o carioca Felipe Perrone aceitou voltar a defender o Brasil. O time conseguiu atrair, também, atletas que poderiam defender seleções mais tradicionais. Adria Delgado passou por seleções de base da Espanha. Paulo Salemi foi campeão europeu menor pela Itália. Ives Gonzales era da seleção principal de Cuba.

“Ele é o melhor técnico do mundo. Então, quando surgiu o convite, não dava para recusar”, explica Salemi, filho de uma brasileira, que morava na Itália. Ele é o último dos “estrangeiros” a chegar ao país, convidado por Perrone, companheiro de clube na Espanha. Delgado, filho de brasileiro, e Gonzales, casado com uma brasileira, concordam com a avaliação.

Os quatro são muito importantes para o projeto de Rudic. Representam experiência em uma seleção que é quase iniciante quando comparada com potências europeias. “Quando você olha para garotos de categorias menores na Europa, eles têm muito mais jogos de nível alto do que os atletas da seleção brasileira principal. E experiência é algo que não se pode ensinar. Os jogadores precisam jogar”, afirma Rudic.

Para isso, ele também tem um plano: mandar a seleção para a Europa já no primeiro semestre de 2015. A confederação está fechando os últimos detalhes para que o país dispute a Liga Adriática, torneio de clubes com representantes de países dos Balcãs, onde é jogado o melhor polo do mundo – presidente da CBDA, Coaracy Nunes disse que a participação brasileira é certa, com verbas do COB. “Esse é o campeonato mais difícil da Europa. E é chave na nossa preparação. Se conseguirmos disputar, nossas chances aumentam muito”, avisa Rudic. Chances de medalha olímpica, é bom frisar: “É possível, sim. Se conseguirmos chegar até as quartas de final, tudo pode acontecer. O nível é muito parecido”.

O caminho até lá, porém, é longo. Além dos 50 jogos previstos para a temporada (30 contra seleções, 20 contra clubes), os jogadores brasileiros passarão por uma maratona de preparação física. Tudo para que o país consiga diminuir a distância detectada com a elite. “Ao chegar, percebi que eles não estavam preparados para aguentar a força de uma partida em alto nível com as potências do esporte. E isso é algo que poderíamos mudar”.

Mais forte e experiente, o Brasil vei subindo degraus. Nesta temporada, o time terá uma maratona pela frente. Além da Liga Adriática, o time vai disputar a Superfinal da Liga Mundial, entre 23 e 28 de junho na Itália, o Pan-Americano de Toronto, de 7 a 15 de julho, e o Mundial de Kazam, na Rússia, entre 27 de julho e 8 de agosto.

Topo