Ginástica do Brasil entra na era das adolescentes. E isso é uma boa notícia
Do UOL, em São PauloO ano era 2012. A menos de dois meses das Olimpíadas de Londres, o Campeonato Brasileiro de ginástica artística, disputado em Toledo, no Paraná, reservava uma surpresa. As estrelas da modalidade no país estavam na ponta dos cascos, preparadas para os Jogos Olímpicos. Mas a melhor do país naquele momento era uma menina de 13 anos, que nem mesmo tinha idade suficiente para competir entre atletas adultas em torneios internacionais.
Rebeca Andrade teve de esperar quase dois anos, mas hoje, finalmente, está liberada pela Federação Internacional a representar o Brasil. Ela completa 16 anos no dia 8 de maio e fará sua estreia em Copas do Mundo nesta sexta-feira, na etapa de Liubliana, na Eslovênia.
Se fosse um esporte normal, atletas tão jovens estariam longe de causar impactos na elite mundial. Mas, na ginástica, juventude é sinônimo de performance. E o Brasil está apostando justamente em suas adolescentes para voltar a brilhar.
O Brasil, que já teve uma campeã mundial (Daiane dos Santos) e o quinto time mais forte do planeta (em 2007), sofria com uma lacuna de atletas de qualidade. Nos últimos dois mundiais, nenhuma mulher do país disputou finais. Nomes como Daniele Hypólito e Jade Barbosa, que já figuraram entre as melhores do mundo, sofrem para se manter no topo. Jade sofre com lesões. Ficou fora do Mundial do ano passado por uma, por exemplo.
A esperança é que as novas caras mudem isso. Rebeca é a principal aposta dos técnicos brasileiros. Considerada a maior revelação da modalidade nos últimos, ela deveria ter brilhado nos Jogos Olímpicos da Juventude de Naning, na China, no ano passado. Mas ela sofreu uma contusão e a comissão técnica da equipe brasileira resolveu preservar a atleta.
Quem competiu foi Flavia Saraiva, cinco meses mais nova e tão talentosa quanto. A garota brilhou na China e voltou com três medalhas. Foi campeã olímpica no solo e levou a prata no individual geral e na trave. Flavia ainda não foi escalada para competir entre as adultas.
Até mesmo a Federação Internacional reconhece o potencial da dupla. Em janeiro, em um editorial sobre as principais notícias de 2015 da ginástica no mundo, a entidade ressaltou que “a nação sede dos Jogos Olímpicos vive um ano decisivo. Com suas duas estrelas júnior finalmente entrando nas competições adultas, as brasileiras voltam a pensar em ficar entre os oito melhores do mundo no próximo Campeonato Mundial”.
Na Eslovênia, Rebeca vai competir ao lado de outras jovens: Julie Kim Sinmon tem 17 anos e Lorrane Oliveira, 16. O time masculino também é jovem, com Ângelo Assumpção (18), Fellipe Arakawa (20), Hudson Miguel (22), e Renato Oliveira (24). "Nós optamos por colocar esses meninos mais jovens para analisarmos o potencial deles em eventos internacionais. A nossa expectativa para essa competição é testar. Nós vamos trabalhar para chegar a alguma final, se possível, mas o principal objetivo é avaliar o potencial de cada um e também a possibilidade de contarmos ou não com eles na equipe principal", explicou o coordenador da Seleção de Ginástica Artística Masculina da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Leonardo Finco.