Bicampeão olímpico, Marcelo Ferreira agora constrói casas em Niterói

Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
Arquivo Pessoal
Marcelo Ferreira no canteiro de obras do condomínio que está construindo em Niterói

No começo do mês, Marcelo Ferreira disputou a Semana de Vela Olímpica de Miami, nos EUA. Ficou em 29º lugar na classe Star, na proa de Luiz Reis. Para o dono de dois títulos mundiais e três medalhas olímpicas, o resultado é o que menos importava. Naquele momento, um dos velejadores mais importantes da história do Brasil voltava a pisar em um barco após quase três anos. “Acho que a última vez que eu tinha velejado tinha sido em 2012, em um campeonato carioca”.

Marcelo Ferreira é, provavelmente, o proeiro mais importante que o Brasil já teve. Ele é bicampeão olímpico ao lado de Torben Grael, em Atlanta-1996 e Atenas-2004 - além do bronze de Sydney-2000. Mas tem um mundial a mais do que o eterno parceiro: em 1997, venceu o torneio ao lado de Alexander Hagen. A carreira de velejador olímpico terminou em 2011. Torben e Marcelo desistiram da campanha olímpica um ano antes dos Jogos de Londres, quando competiam pela vaga com a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada – que terminaram com o bronze na Inglaterra.

Desde então, a vida de Marcelo se afastou do mar. Hoje, seu negócio é construção civil. Ao lado do irmão, abriu uma construtora em 2011. A Del Mar começou fazendo uma casa aqui, outra lá. Hoje, a empresa faz condomínios inteiros. A empreitada atual é no bairro de Maria Paula, em Niterói, onde Marcelo nasceu e sempre morou. O próximo projeto, também um condomínio residencial, será iniciado assim que o atual for concluído.

“Comecei comprando terrenos. Com o que ganhava com o esporte, fui fazendo investimentos. Um dia, eu e meu irmão resolvemos abrir a construtora. Ele é executivo em uma multinacional, então, eu é que toco as coisas”, conta o velejador. “Meu pai chegou a trabalhar no ramo por algum tempo. Hoje, cambei para o mesmo lado”, completa.

O trabalho é intenso, mas recompensador. Quando competia por vagas olímpicas, Marcelo não parava de viajar. Hoje, passa mais tempo com os filhos. E também pode ajudar em outro negócio da família: ao lado da mulher, Renata Botto, cuida de uma confecção de moda feminina. A Dona Bis já tem 20 anos. “Hoje, temos só uma loja, mas revendemos para grandes marcas”.

O sucesso nos negócios veio após uma série de tentativas que, inevitavelmente, perdiam para as demandas do mundo do esporte. Marcelo já se aventurou no comércio e tocou bares e restaurantes. A carreira de velejador, porém, sempre vinha em primeiro lugar. Os estudos acabaram tendo o mesmo destino.

Marcelo nunca fez uma faculdade. “Para não falar que não tentei, prestei vestibular para direito. Fui para a primeira prova, mas faltei na segunda. Já estava envolvido com a vela e vi que aquilo não era para mim”. O diploma faz falta? Pode ser que sim. Mas Marcelo lida com isso com o mesmo bom-humor de sempre: “Quem não tem, contrata. A gente aumenta o mercado de trabalho de advogados e engenheiros”, diz, aos risos.