Vídeos

Reunião interna dos Grael breca acordo com governo para limpar Guanabara

Bruno Doro*

Do UOL, em São Paulo

O governo do Rio de Janeiro terá de procurar outro parceiro para o projeto de limpeza da Baia de Guanabara. Na segunda-feira (31), uma reunião do conselho do Instituto Rumo Náutico deve rejeitar a proposta de parceria com a Secretaria de Meio-Ambiente para a gestão de ecobarcos e a instalação de ecobarreiras para limpar o principal curso de água do estado. A parceria foi anunciada na quarta-feira.

O Instituto Rumo Náutico é uma organização social que nasceu do Projeto Grael, criado pelos medalhistas olímpicos Torben e Lars Grael. A ONG é comandado por Axel, engenheiro ambiental e irmão mais velho da família mais importante da vela brasileira – atualmente, ele é vice-prefeito de Niterói.

O UOL Esporte apurou que membros do conselho da entidade convocaram a reunião assim que souberam da parceria. O estatuto do Rumo Náutico prevê apenas ações educacionais e trabalho com crianças em situação de risco. Legalmente, não pode assinar um contrato de prestação de serviços de nenhuma natureza.

Na quarta, a Secretaria de Estado do Ambiente revelou que faria um contrato emergencial para tentar limpar a Baía de Guanabara para os Jogos Olímpicos de 2016. Sem realizar uma concorrência pública, um convênio de R$ 20 milhões, válido por 18 meses, seria firmado com o Instituto. O plano envolve a construção de cinco novas barreiras para segurar o lixo que chega à Guanabara em rios e recolocar em circulação dez barcos equipados para coletar objetos que permanecem boiando.

Em texto enviado à reportagem (disponível na íntegra abaixo), Lars Grael se disse a favor do novo projeto de contenção de detritos, mas contra o acordo entre o Instituto Rumo Náutico e o governo do Rio. "O IRN não possui interesse e nem fica motivado por uma contratação emergencial sem a necessidade de licitação. Outras ONGs, OSCIPs ou empresas privadas podem fazê-lo com maior agilidade, conhecimento técnico, operacional e estrutura para tal", escreveu. "Não é nossa vocação substituir o papel do Estado, mais ainda sob o risco institucional de uma dispensa de licitação. Podemos ajudar agregando conhecimento técnico e capacitando mão de obra. Gerir? Sou pessoalmente contra. O Conselho Diretor definirá nesta segunda-feira".

O projeto foi confeccionado pela Secretaria com a consultoria de Axel Grael. Por isso, o secretário da pasta, André Corrêa, foi a favor da união entre a ONG e o governo do estado: "Nenhuma outra empresa tem o conhecimento deles na Guanabara. Isso é público e notório", justificou Corrêa, em reportagem publicada na quinta-feira. "A questão do lixo da Baía é urgente. Não haveria tempo para fazermos uma licitação para depois começarmos o trabalho".

No último dia 3, Antônio da Hora, ex-secretário, substituído por Corrêa, havia dito que ecobarreiras e ecobarcos eram ineficientes. Ao anunciar a suspensão do investimento nos equipamentos, Hora declarou em nota que a ação era "para inglês ver".

A reportagem contatou a secretaria de Estado do Ambiente para comentar as informações – assim que receber uma resposta, ela será publicada.

Lars Grael explica posição contrária a acordo
Amigos,

Cabe esclarecimento quanto a noticia veiculada de que o Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael) “irá” receber recursos da Secretaria de Estado de Ambiente – SEA do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O regime de contratação anunciado seria “de caráter emergencial e sem necessidade de licitação”.

Primeiramente quero afirmar que fiquei surpreso ao tomar conhecimento da possível parceria pela mídia.

Nosso irmão Axel é um ambientalista, engenheiro florestal,  ex-Presidente do Instituto Estadual de Florestas – IEF, ex-Presidente da FEEMA (atual INEA) e ex-Secretário Adjunto do Estado do RJ de Meio Ambiente. Atualmente, Axel é vice-prefeito de Niterói. Foi presidente do Instituto Rumo Náutico, que é a Organização Social responsável pelo Projeto Grael (fundado em 1998).

Axel é um dos mais respeitados profissionais que dedica-se ao aos estudos dos problemas da Baía de Guanabara.

O projeto apresentado nesta quarta-feira à SEA é um dos mais completos e tecnicamente embasados projetos de contenção e captura de lixo flutuante da Baía de Guanabara.

Pessoalmente, sou tecnicamente favorável à execução do projeto. A tecnologia proposta foi implementada com sucesso, por exemplo, em Baltimore, que tem ecobarreiras e ecobarco no Waterfront, Os canais de Amsterdam têm sistemas de retirada de lixo. O Tamisa tem. Roterdam tem. Os canais da França têm...

Temos que deixar claro que a despoluição é diretamente relacionada aos índices de saneamentos da região metropolitana do Rio de Janeiro. A meta de 80% era sabidamente utópica. Assumir o não cumprimento da meta chega a ser uma virtude no sentido de os governos buscarem uma solução real e factível para a bela, porém, poluída Baía de Guanabara.

O que está em discussão não é a despoluição das águas, mas a captura de lixo nas águas da Baía.

A proposta da SEA, neste caso, é um plano chamado por muitos de “paliativo”. Porém, fundamental na redução de detritos flutuantes nas raias olímpicas da Vela de 2016. O eventual êxito deste projeto gerará efeito positivo em duas outras modalidades olímpicas: a Maratona Aquática e a parte da natação do Triatlo, ambos realizados em Copacabana e sob efeito das águas da Baía de Guanabara.

O Instituto Rumo Náutico - IRN é uma organização social que tem suas origens no Projeto Grael, concebido em 1996 e implantado em 1998.

Mais de 13 mil jovens tiveram acesso ao Projeto Grael. Mais que uma escola de Vela, é um projeto de inclusão social através da Vela. O Projeto Grael especializou-se na educação ambiental, iniciação esportiva à Natação e no ensino técnico profissionalizante.

O que está em discussão no Conselho Diretor do IRN é se a entidade seria capaz de assumir obrigações e responsabilidades originalmente do Estado do RJ.

1503 dias se passaram e praticamente nada foi feito no sentido de solucionar o risco ambiental previamente conhecido da Baía de Guanabara.

O Projeto de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG tardou mais de 2 décadas e poucos resultados são perceptíveis.

Faltam menos de 500 dias para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e nossa pergunta é: Dá tempo de despoluir? Provavelmente a resposta será NÃO. Porém, é possível reduzir o desgaste, se houver prioridade e vontade política nas obras de saneamento. É possível evitar a presença de lixo na Raia Olímpica? Provavelmente não. Mas é possível reduzir substancialmente a quantidade deste lixo.

Nossa razão de ser (Core Business) do Instituto Rumo Náutico é educar e capacitar para a mentalidade marítima e cidadania através da Vela.

Seríamos capazes de solucionar a questão do lixo flutuante nas Raias Olímpicas? Provavelmente não.

O IRN não possui interesse e nem fica motivado por uma contratação emergencial sem a necessidade de licitação. Outras ONGs, OSCIPs ou empresas privadas podem fazê-lo com maior agilidade, conhecimento técnico, operacional e estrutura para tal.

Como disse, sou favorável ao mérito, mas contra o IRN ser o gestor direto do referido projeto. Não é nossa vocação substituir o papel do Estado, mais ainda sob o risco institucional de uma dispensa de licitação.

Podemos ajudar agregando conhecimento técnico e capacitando mão de obra.

Gerir? Sou pessoalmente contra. O Conselho Diretor definirá nesta 2ª Feira. À partir de 2ª Feira, teremos uma posição definitiva se o IRN será gestor, ou, meramente, apoiador do projeto.

Bons Ventos,
Lars Grael
Idealizador e fundador do Projeto Grael e atualmente e conselheiro do Instituto Rumo Náutico.

Novo programa de limpeza da Baía de Guanabara

  • Três fases visando à Rio-2016

    O novo plano de limpeza da Baía de Guanabara para a Olimpíada de 2016 terá três fases. A primeira consiste em recolocar em circulação dez ecobarcos e construir cinco ecobarreiras até agosto, mês do evento-teste de vela da Rio-2016. As outras duas fases, que consistem em construção de mais ecobarreiras e no aumento da frota de ecobarcos, focará a limpeza da área de competição dos Jogos Olímpicos.

  • Ecobarcos guiados por sistema holândes

    Os ecobarcos são embarcações que circulam na Baía de Guanabara recolhendo lixo flutuante. No novo programa, os barcos serão guiados por um sistema de monitoramento de marés e ventos doado ao governo do Rio pela Holanda. Assim, o Estado espera que o recolhimento do lixo seja mais eficiente.

  • Ecobarreiras reforçadas

    O governo do Rio informou que as ecobarreiras que serão instaladas nos rios que desaguam na baía serão mais fortes que as anteriores e não serão rompidas por chuvas ou barcos. O lixo retido passará a ser recolhido de forma mais eficiente também.

* Colaborou Vinicius Konchinski, do UOL, no Rio de Janeiro

Veja como está e como deve ficar o Parque Olímpico de 2016

Topo