Olimpíada no Itaquerão está em risco. Ninguém quer pagar a conta
Bruno Thadeu e Vinicius KonchinskiDo UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
A realização de jogos de futebol da Olimpíada no Itaquerão enfrenta um grande impasse: ninguém quer arcar com os cerca de R$ 30 milhões estimados para construir estruturas temporárias na arena. O Corinthians avisou que não colocará dinheiro para receber as 10 partidas dos Jogos Olímpicos de 2016 e exige garantias financeiras da Prefeitura de São Paulo para emprestar o estádio.
Ao UOL Esporte, a prefeitura informou nesta terça-feira que não injetará recursos para preparar a arena. O Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, a princípio, também não quer pagar pelos equipamentos temporários. Só ele já vai investir cerca de R$ 7 bilhões para realizar a Olimpíada.
O Governo de São Paulo foi procurado pela reportagem na manhã desta terça para informar se pretende usar recurso público para bancar a obra em Itaquera.
A pressão sobre São Paulo aumenta à medida que a organização do Rio-2016 comunica que não há um “plano B” para uma possível desistência de São Paulo. Ou seja, não há planos para transferir os jogos de futebol para uma outra cidade caso o impasse não seja solucionado.
O secretário municipal de Esportes e Lazer, Celso Jatene, enfatizou que São Paulo não entrará em leilão para abrigar o futebol dos Jogos Olímpicos.
“O caderno de encargos está nas mãos de todos os envolvidos com a Olimpíada, mas São Paulo tem outras prioridades. São Paulo quer contribuir com o Rio de Janeiro, mas não podemos tirar recurso de nosso orçamento”, destacou o secretário.
Em reunião realizada no dia 12 de março, em São Paulo, organizadores da Olimpíada e autoridades paulistanas descartaram a utilização da Allianz Parque, do Palmeiras, pois seriam necessárias obras no espaço para o evento. O Itaquerão virou a única opção paulista.
Ciente da intenção das autoridades em trazer a Olimpíada para o Itaquerão, o Corinthians aumentou a pressão sobre a prefeitura para conseguir liberação de verba de R$ 420 milhões referentes à construção do estádio.
O recurso viria por meio da emissão de títulos públicos (CIDs), mas o clube encontra dificuldade para negociar os CIDs em virtude de ação do Ministério Público. À reportagem, a Prefeitura reitera que emitiu os documentos conforme acordado e que não entrará nesse entrave judicial.
“Precisamos saber quem se responsabilizará e arcará com as obras do overlay (específicas para o evento) e também da liberação dos CIDs. Do contrário, o clube deve rever a decisão de sediar a Olimpíada”, ameaçou Roberto de Andrade, presidente do Corinthians.
Reformas para os Jogos
Para se adequar aos Jogos Olímpicos, o Itaquerão não precisará de grandes mudanças. Na Copa do Mundo, foi instalada de arquibancada móvel com novos 20 mil assentos ao custo de R$ 90 milhões. Para 2016, os valores são mais modestos. Como forma de economia, está sendo estudado para a Olimpíada isolar a área atrás de um dos gols do Itaquerão, pois o setor não tem cadeiras.
A capacidade reduziria de 48 mil para 41 mil. O isolamento do setor sairia mais em conta do que promover serviços de colocação e retiradas das 7 mil cadeiras.
Os R$ 30 milhões inicialmente previstos seriam utilizados para construção de estruturas móveis para transmissão dos jogos, entre outros serviços.