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Medalhista do Pan esquece Toronto. O foco está na medalha olímpica do Rio

Flávio Florido/UOL
Diogo Silva em Londres-2012: atleta perdeu a medalha nos segundos finais imagem: Flávio Florido/UOL

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Diogo Silva, um dos mais importantes atletas do taekwondo brasileiro, não vai disputar os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. Dono de duas medalhas na competição, um bronze em Santo Domingo, em 2003, e o ouro no Rio de Janeiro, em 2007, ele decidiu que o preço de disputar um Pan era caro demais.

“Você se prepara. Passa três meses em treino intensivo, focado, sem outras competições. Mas, se não vem o resultado positivo, você ficou três meses atrás de quem estava fora, competindo no circuito mundial e somando pontos para ir para as Olimpíadas. É um preço muito caro para se pagar. Já disputei três Jogos Pan-Americanos, tenho duas medalhas. Não é algo que me motiva a encarar essa preparação. Hoje, meu único desejo é de conquistar uma medalha olímpica”, explica Diogo.

Essa decisão tem dois motivos. O primeiro, a vingança olímpica. Em Londres-2012, o brasileiro chegou até a decisão da medalha de bronze, mas acabou derrotado no último golpe de maneira polêmica: a vitória veio com um golpe no último segundo, que só foi validado quando seu rival, o norte-americano Terrence Jennings, pediu revisão da decisão dos juízes.

O segundo é o critério de classificação para as Olimpíadas. Como sede, o Brasil recebeu quatro vagas automáticas, duas para homens, duas para mulheres – o número máximo de atletas que um país pode classificar é oito, uma em cada divisão de peso disputadas. As limitações que essas vagas carregam, porém, aumentaram a dificuldade verde-amarela de classificação.

As regras da Federação Mundial de Taekwondo proíbem que os brasileiros disputam uma das duas vagas continentais que os lutadores das Américas têm direito. Com isso, a única alternativa para aumentar o número de representantes para o Brasil é incluir um nome entre os seis melhores do ranking olímpico (que é diferente do ranking mundial, já que mescla algumas categorias de peso). Hoje, nenhum brasileiro está perto disso. Os melhores são Iris Tang, nona na categoria 49kg, e Guilherme Alves, 10º nos 58kg.

“Os critérios mudaram. Nos outros ciclos olímpicos, tínhamos poucas competições internacionais. Nós viajávamos duas, três vezes por ano. Hoje, em um semestre, os atletas já foram para seis países diferentes. O formato de treinamento mudou. Eu sempre fiz ciclos de três a quatro meses de treinamento para chegar em competição perfeito. Hoje, isso é impossível. Você precisa correr sempre atrás do ranking. O recurso financeiro influencia o resultado. Quem tem mais dinheiro para viajar conquista mais fácil a vaga”.

Segundo Diogo, a classificação pelo ranking é virtualmente impossível. “A Copa do Mundo fez as empresas adiarem os investimentos em esportes olímpicos. Até mesmo o Governo Federal atrasou. O projeto Pódio foi sancionado em 2009, virou lei em 2012 e os recursos só foram liberados em 2013. E, ainda assim, as confederações só conseguiram entender o processo no ano passado. Um ciclo olímpico ideal é de oito anos. Em quatro, é sorte. Estamos trabalhando com a sorte”, diz.

Sem isso, a saída para os brasileiros é disputar uma das duas vagas. A Confederação Brasileira de Taekwondo tem até o dia 31 de janeiro para indicar três nomes para o time, com dois titulares e um reserva para os Jogos Olímpicos. Os melhores colocados no ranking, independentemente da categoria, garantem a vaga. “E o nível dos atletas brasileiros está crescendo. Nos ciclos anteriores, tíhamos três, quatro nomes. Hoje, temos quase 20 candidatos a essas duas vagas. E são caras novas, que pouca gente ouviu falar. A disputa é forte. O positivo é que teremos, em 2016, muitas chances de trazer medalhas”.

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