Mulher invade hotel e discute com seguranças em protesto contra Olimpíada
Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski*Do UOL, no Rio de Janeiro
Uma ativista invadiu nesta tarde o hotel Windsor em que membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) estão reunidos no Rio de Janeiro, na zona sul da cidade. A invasão foi um protesto contra obras em execução para os Jogos Olímpicos de 2016. A ativista foi contida por seguranças.
Sandra (não informou seu sobrenome) entrou no hotel enquanto uma manifestação contra a construção do campo de golfe da Rio-2016 reunia cerca de 10 pessoas do lado de fora do hotel. Neste mesmo momento, dirigentes do COI debatiam para discutir questões da organização dos Jogos e da estrutura olímpica.
A manifestação começou logo no início da tarde, e era pacífica. Havia apenas dois cartazes. Para chamar a atenção, entretanto, Sandra entrou no hotel assoprando um apito e gritando. Outros dois ativistas a acompanharam, mas não se manifestaram dentro do hotel.
"São uns ladrões", gritava Sandra, dentro do hotel. "Estão destruindo uma área de preservação ambiental para construir um campo de golfe."
Sandra também reclamou do corte de árvores na Marina da Glória para a reforma do espaço para a Olimpíada de 2016 e da remoção de famílias de suas residências para que obras de infraestrutura sejam realizadas na capital fluminense.
Os seguranças do hotel pediram sua identificação e tentaram tirá-la do lobby cercando-a. Sandra chegou a ser retirada por um funcionário do hotel, que a segurou. Conseguiu voltar, continuou protestando e ainda disse ter sido agredida.
A ativista só se acalmou quando o diretor de Comunicação do COI, Mark Adams, apareceu no lobby para ouvi-la. Sandra relatou sua insatisfação com os projetos olímpicos enquanto outros manifestantes gritavam do lado de fora do hotel: "COI go home [COI, vá para casa, em inglês]".
Adams defendeu os projetos, mas reconheceu não conhecer detalhes das ações. Prometeu manter o contato com ativistas.
Sandra, então, foi para o lado de fora do hotel. Naquele momento, policiais militares já bloqueavam a entrada para o lobby. A ativista prometeu ir à delegacia registrar queixas contra seguranças que teriam lhe agredido ao retira-la do lobby.
A administração do hotel Windsor foi procurada pelo UOL Esporte para comentar as queixas de Sandra. Ainda não se pronunciou.
COI responde e procura manifestantes
Em sua entrevista coletiva minutos após o protesto, o presidente do comitê, Thomas Bach, rebateu as críticas ambientais ao projeto do campo de golfe, assim como a outros aspectos ecológicos da Olimpíada. Reforçou que as obras não causam impacto negativo ao meio ambiente.
Depois, Bach foi pessoalmente ouvir os manifestantes em frente ao hotel. O presidente do COI dispensou a escolta de policiais e caminhou em meio as cerca de dez ativistas que ainda hostilizavam os membros do comitê olímpico.
Bach pediu pessoalmente por explicações sobre as reivindicações, falando em inglês. Nenhum manifestante demonstrou compreender o que o presidente dizia. Bach, então, entrou no carro que lhe esperava e partiu.
A presidente da Comissão de Coordenação do COI para a Olimpíada de 2016, Nawal El Moutawakel, disse estar surpresa com a manifestação. Revelou que essa foi a primeira vez que viu uma manifestação contra o COI.
Ela ratificou que o comitê está disposto a conversar com quem é contra o Jogos do Rio. Só ressaltou que o evento deve trazer benefícios à cidade. "Estamos todos juntos. Somos parte do problema, mas também parte da solução."
*Atualizada às 16h40