Chefe do COI brinca com 7x1 e ouve crítica sobre legado olímpico no Rio
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
O presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, aproveitou o terceiro dia de sua viagem ao Brasil para conversar com estudantes universitários sobre a Olimpíada de 2016. O alemão foi sabatinado por uma hora e meia na seda do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, no Rio. Bem humorado, brincou com a goleada da Alemanha sobre a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, mas também falou sério quando foi questionado sobre o legado dos Jogos Olímpicos do Rio.
Bach afirmou a universitários que o evento colaborará para um transformação positiva do Rio de Janeiro. Segundo ele, os Jogos do Rio serão únicos justamente por causa das mudanças no transporte, na estrutura esportiva e nas oportunidades que gerarão no Rio e no Brasil como um todo.
De universitários, entretanto, Bach ouviu queixas sobre a obra do campo de golfe da Olimpíada e sobre o fechamento do Estádio de Atletismo Célio de Barros. Prometeu investigar as questões.
Confira abaixo, os principais trechos das declarações de Bach durante a sabatina:
Olimpíada de graça
“Essa será a Olimpíada da inclusão. Milhões de brasileiros terão acesso gratuito a provas espetaculares. Quem não quiser ver a Olimpíada pela televisão, nos locais de exibição pública, poderá vir ao Rio de Janeiro e ver a maratona, a prova de triatlon, de remo, de ciclismo de estrada da rua mesmo. Existe oportunidade e espaço para milhões de pessoas fazerem parte dessa Olimpíada.”
7 x 1 na Copa do Mundo
“Eu nem me lembro [da goleada]”, disse o alemão Bach, brincando. “Quero agradecer o apoio de brasileiros na final. Eu disse para um amigo na Alemanha. No último jogo, 50% dos brasileiros estavam apoiando os alemães. Outra metade estava torcendo contra a Argentina.”
Legado esportivo
“O Brasil tem cerca de 170 instalações em que delegações olímpicas poderão se preparar para os Jogos. Elas estão sendo renovadas. Isso é um legado olímpico. O Parque Olímpico do Rio também vai virar um grande centro de treinamento para o Brasil e para a América do Sul depois da Olimpíada.”
Fechamento do Estádio de Atletismo Célio de Barros
“É difícil eu comentar a situação dos centros esportivos de cada cidade. O que temos é que cada país tenta centralizar o treinamento de seus atletas em alguns locais específicos. As vezes, é inviável para governos e federações manter centros esportivos para diversas modalidades numa mesma cidade.”
Paes ‘odeia’ o campo de golfe
“Eu fiquei surpreso com as declarações do prefeito [de que ele odeia o campo de golfe e que só o construiu por causa da Olimpíada de 2016]. O prefeito pressionou muito pela construção desse campo. Tenho certeza que ele pensou muito antes de tomar a decisão de contruí-lo.”
Pista de canoagem como ‘esquibunda’
“Outras cidade-sede de Olimpíadas, como Sydney e Londres, transformaram suas pistas de canoagem em áreas de lazer para a população, e não só um local para a prática do esporte. Não há tantos canoístas em um país assim. Lá [em Sydney e Londres], eles tiveram muito sucesso nessa mudança [na utilidade da pista].”
Falta d’água no Rio de Janeiro
“Essa é uma questão muito importante. Nos foi informado há dois dias que, em fevereiro, houve uma chuva intensa e que os recursos hídricos estão disponíveis para a população e para todos os projetos olímpicos. A crise é permanente?”, perguntou Bach ao universitário que lhe questionou sobre a falta d’água. “Não sou especialista. A única promessa que faço é que irei investigar isso.”
Crise econômica e corte de gastos
“Estamos observando isso com cuidado. Somos parceiros so Brasil. Estive com a presidente e nossa conversa esteve muito focada no legado. Esses projetos não podem ter corte no investimento. Porque, se pararem, o Brasil vai perder a oportunidade de melhorar sua infraestrutura, crescer e criar empregos. Agora, é bom lembrar que boa parte do investimento na Olimpíada é privado. Isso não depende do governo.”
Combate ao racismo
“O combate a discriminação está em nosso DNA. No esporte, numa Olimpíada, todas as pessoas são iguais. Somos contra qualquer discriminação. Se um atleta demonstrasse uma atitude racista, não tenho dúvida que ele seria enviado para casa no mesmo dia. Ele não seria mais aceita na Olimpíada e seria desclassificado de tudo. Não podemos ceder nem um milímetro.”