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Até federação internacional dá ajudinha ao Brasil por sucesso do rúgbi

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

Em 2016, o rúgbi vai voltar aos Jogos Olímpicos após 92 anos. Para a World Rugby, a federação internacional do esporte, o cenário ideal desse retorno envolveria uma seleção da casa forte e um país apaixonado pela modalidade. Mas, com o rúgbi ainda engatinhando por aqui, o jeito foi dar uma ajudinha para os brasileiros pularem etapas em sua evolução.

Nos últimos anos, a entidade internacional vem injetando verbas diretamente no projeto de alto rendimento da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu) para dar competitividade aos anfitriões olímpicos. Até o Rio-2016, a World Rugby vai investir 400 mil dólares (cerca de R$ 1,1 milhão) em campos verde-amarelos. Esse montante não envolve a etapa brasileira do circuito mundial feminino de Sevens, realizado há duas semanas em Barueri, com custos de 325 mil dólares (R$ 850 mil) divididos entre CBRu e World Rugby. Como comparação, em 2014, os repasses da Lei Piva para a modalidade foi de R$ 1,7 milhão.

“O Brasil é um mercado estratégico para nós e o trabalho que está sendo desenvolvido nos últimos cinco anos é muito bom. Estamos enxergando oportunidades de crescimento no país, encontrando receptividade em relação ao esporte. E os resultados estão aparecendo”, explica Mark Eagan, diretor de torneios da entidade.

O detalhe desse investimento é que ele está sendo feito diretamente nas seleções: a própria World Rugby escolheu profissionais especializados em preparação física de rúgbi para trabalhar no país, com o objetivo de desenvolver fisicamente os atletas brasileiros – principalmente do time masculino. “Primeiro, demos a classificação automática para o Brasil. O objetivo disso era incentivar o desenvolvimento dos dois times. As meninas já mereciam isso. Os homens estão usando isso para se desenvolver e a classificação para alguns eventos do circuito mundial mostra que eles estão subindo seu nível em um ritmo bom”, completa o dirigente.

Uma explicação: o nível dos times masculino e feminino no país é muito diferente. Enquanto as mulheres são dez vezes campeãs continentais e estão no grupo de 14 melhores do mundo, os homens ainda lutam para se consolidar entre os três melhores do continente, muito atrás da Argentina e agora chegando a um patamar similar a Uruguai e Chile.

A lição de casa

A evolução do esporte, porém, tem como base um projeto diferente de tudo o que se vê no cenário esportivo nacional. A CBRu começou a se estruturar depois que o rúgbi voltou aos Jogos Olímpicos. Com isso, a estruturação do esporte por aqui pode ser feita com planejamento e verbas. O maior exemplo é que a entidade conta com um CEO, um profissional que veio do mercado financeiro. O argentino Augustin Danza jogou rúgbi, mas foi contratado muito mais por sua atuação como consultor estratégico.

Um dos pontos que mais chama atenção nesse projeto é o conceito de rúgbi nas escolas para revelar talentos. “Uma das bases para o crescimento do esporte aqui é fazer com que as crianças, nas escolas, pratiquem o rúgbi. Para isso, estamos visitando as escolas, uma a uma, apresentando o esporte e capacitando os professores. Depois, nosso objetivo é que os clubes que tem um programa de rúgbi competitivo tenham parcerias com as escolas e os técnicos desses times visitem as escolas, uma vez por mês, para dar treinamentos e procurar por talentos. A ideia é que cada clube tenha escolas parceiras para isso”, explica Augustín.

Em comum, o projeto da World Rugby e da CBRu tem como objetivo a criação de uma liga profissional no país. Hoje, o esporte é amador, mas os campeonatos nacionais estão cada vez mais estruturados. “Nossa visão é que, em dez anos, o Brasil tenha uma liga profissional e seja um dos principais países do continente no esporte”, espera Eagan.

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